O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta segunda-feira (18) que, com o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, “aqueles que sempre foram invisíveis estarão ao centro da agenda internacional”. A fala do petista marcou a abertura da cúpula de líderes do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Antes da primeira sessão de debates entre as autoridades, Lula fez o lançamento da aliança. A reunião vai até esta terça (19), no MAM (Museu de Arte Moderna), no Rio de Janeiro (RJ).
Líderes de grandes potências como Joe Biden, dos Estados Unidos, e Xi Jinping, da China, vão discutir temas como inclusão social, reforma da governança global e transição energética. O G20 responde por cerca de 85% do PIB mundial, 75% do comércio internacional e dois terços da população mundial. A presidência do grupo, que é rotativa, está sob o comando do Brasil até o fim deste mês. Em seguida, a África do Sul assume a liderança do bloco.
No discurso, Lula voltou a prometer a retirada do Brasil do Mapa da Fome da ONU (Organização das Nações Unidas) até o fim do mandato, em 2026. O brasileiro também aproveitou para chamar, novamente, a fome de “decisão política” e pediu que a cúpula de líderes seja “marcada pela coragem de agir”. Segundo o governo do Brasil, a aliança já tem 147 adesões.
“O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza. Segundo a FAO [braço da ONU para alimentação e agricultura], em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome. São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados”, lamentou.
“Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável. A fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais. A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro, ‘a fome é a expressão biológica dos males sociais’. É produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade”, acrescentou o petista.
Ao comentar cenário de conflitos internacionais, com guerras no Oriente Médio e na Europa Oriental, Lula afirmou que o contexto atual é pior que em 2008, quando a crise financeira da bolha imobiliária nos Estados Unidos gerou repercussões globais.
“Estive na primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington [nos EUA] no contexto da crise financeira de 2008. Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior. Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada. Os fenômenos climáticos extremos mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta. As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas”, continuou o presidente.
Lula colocou o G20 — que reúne os 19 países mais ricos do mundo e as uniões Africana e Europeia — como grande responsável pelo combate à fome e à miséria. “Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Este será o nosso maior legado. Não se trata apenas de fazer justiça. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades mais prósperas e um mundo de paz”, explicou.
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