O Brasil vive um momento singular e não apenas porque os cidadãos estão indo às ruas, mas porque estão indo para proclamar que o mandato que concederam não inclui autorização para que eleitos usem o poder em benefício próprio e de seus grupos. Sem salvo conduto.
Há uma nova consciência, que é fruto das informações que nunca estiveram tão acessíveis a todos, do debate amplo que ocorre nas redes sociais e das novas tecnologias que facilitam enviar textos, áudios e vídeo que ajudam a esclarecer dúvidas.
Perdeu o momento da resposta do ministro João Otávio de Noronha (STJ) as opiniões do ex-presidente Lula sobre a Corte, registradas em interceptações telefônicas? Se não tiver recebido pelo telefone de um amigo, encontrará na internet. Quer saber a reação de outros brasileiros? É só entrar nas redes sociais.
Essa facilidade, contudo, tem permitido que uma pequena parcela – é pequena mas impossível de ignorar – use esses recursos para contaminar o debate com a intolerância, a raiva e o desrespeito. É uma estratégia para forçar a sua visão de mundo.
A intolerância é prepotente, exagerada, suprime o contraditório, desconsidera os divergentes, justifica a hipocrisia e desrespeita o ser humano porque não vê necessidade de limites nas suas opiniões e ações.
A crise – ética, política e econômica – tem exposto políticos, partidos e personalidades cujo sectarismo afronta a inteligência dos brasileiros. Pior, perverte outros, baixando o nível do debate que deveria ser sobre o futuro do Brasil. Focam questões que estimulam paixões e desviam do fundamental, que é a corrupção e seu custo.
Alguns exemplos dessa infecção nas redes sociais: montagens fotográficas feitas para desacreditar políticos e disseminação de ódio – são banners com mensagens que instigam enfrentamentos ou espalham inverdades. Os alvos preferenciais são o senador Aécio Neves e defensores do impeachment, a presidente Dilma, Lula e Eduardo Cunha.
Quem não tem argumento, grita, ofende, inventa, reprime… Não leva a solução, mas a confronto. Não apressa, adia o fim do impasse. É por isso que a intolerância deve ser condenada. Que dia melhor para assumir compromisso com a paz do que hoje? Feliz Páscoa!
TORPEDO
“Fato do PMDB tomar decisão de sair do governo necessariamente não vai significar que ministros saiam batendo porta e deixem assuntos pendentes. Vai se discutir mecanismo para isso.”
Do ex-ministro Moreira Franco, admitindo que o PMDB pode conceder prazo para os que estão no governo.
O desafio…
O deputado Veneziano Vital do Rêgo esquentou o debate sucessório em Campina Grande. Está usando o horário do PMDB no rádio e televisão para desafiar uma comparação sobre quem fez mais pela cidade.
… de Vené
São cinco vídeos, que começam assim: “Com três mil obras realizadas, o PMDB lança um desafio para que nos comparemos quem mais fez por Campina”. Depois, os números de creches, saneamento, mobilidade, feiras…
Polarização
O desafio de Veneziano busca mais do que diferenciar sua gestão da do tucano Romero Rodrigues. Pretende reforçar a polarização histórica e por tabela, inviabilizar Adriano Galdino (PSB), o candidato de Ricardo Coutinho.
Alternativa
Em Patos, novo jogador pode entrar em campo. O ex-prefeito e deputado Nabor Wanderley já admite substituir a prefeita Francisca Motta, que não estaria muito entusiasmada com a reeleição. Ela prefere o parlamento.
ZIGUE-ZAGUE
Antes da manifestação do dia 13, na Câmara apenas 170 deputados apoiavam o impeachment. Agora são 256. Os indecisos caíram para 139 e os contra, 118.
No Senado o placar também mudou. De 26 para 35 os a favor. Os indecisos caíram de 29 para 21. Os contra perderam um voto: 25 continuam com Dilma.