Nunca o governador Ricardo Coutinho precisou tanto de si mesmo como nesta eleição. Segundo colocado nas pesquisas, distante 16 pontos percentuais de seu principal concorrente, senador Cássio Cunha Lima, o socialista entra no processo eleitoral oficial com o enorme desafio de reverter esse quadro.
Mas por que Ricardo precisa tanto de si mesmo, mais do que nas outras ocasiões? Em 2010, ele era um candidato de oposição, baixa rejeição, bom tempo de guia eleitoral, e contava ao seu favor com o diferencial de um cabo eleitoral com penetração enraizada em todos os recantos do Estado.
Dessa vez, Coutinho chega à eleição sem boa parte dessas vantagens. Tem menor tempo no guia em relação ao concorrente, pode ficar com menos espaço ainda se perder o PT na briga em trâmite na Justiça, enfrenta resistências da classe política e vai disputar, de uma só vez, contra a tradição do PMDB e o favoritismo de Cássio.
Por essas e outras, Ricardo vai recorrer, mais do que em qualquer outra ocasião, ao seu talento pessoal de convencimento de massas e de superação das adversidades políticas. Pra ganhar essa parada, dessa vez, ele não depende e nem pode contar com candidato a vice, senador ou outros trunfos eleitorais.
Gestor de um governo centralizado, ironicamente sua maior arma é ele próprio, já que a força natural da máquina não tem sido suficiente para conter a onda em favor do adversário. E só tem praticamente 60 dias de exposição eletrônica (mídia, guia e debates) para modificar substancialmente o cenário.
Uma missão que precisará vencer solitariamente, porque ninguém, seja aliado ou seguidor, poderá fazer pelo seu projeto o que só ele, a esta altura do processo, é capaz de fazer por si mesmo.