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N?o temos culpa

Para quem as mulheres se vestem?

Eis um dos mistérios mais bem guardados da humanidade – tão (ou mais) ocultos quanto o fim do calendário Maia, a combustão espontânea ou o incidente de Roswell.

Algumas tentam despistar. Juram que se vestem para si próprias; para a satisfação pessoal. Tenho que acreditar (!?). De uma coisa eu sei: não é sempre (quase nunca) para os homens. Para nós, elas se despem.

Esta é para os amigos: sabe todo aquele ritual que sempre demora tanto (e custa um tanto mais) toda vez que vocês saem para um evento social? Pois é. Nada daquilo é para ou por você.

É triste, mas é verdade: em nenhum momento elas pensam na ala masculina enquanto decidem sobre o tipo do penteado, a cor da roupa, o estilo do sapato. Exceto, claro, quando querem nos conquistar.

Sei disso porque – e elas também sabem – os homens não reparam em alguns detalhes. Trata-se de um defeito de gênero, congênito e irremediável.

Até temos imaginação – e ela sempre nos ajuda a formar vívidas imagens mentais sobre as partes que a indumentária esconde. Não esperem, porém, que a gente registre cores e formas desse “cobertor”. Pois dificilmente seremos capazes de lembrar o que vestiam na semana passada.

Não é pouco caso. É porque estávamos reparando, na verdade, no que realmente importa: o conteúdo.

Somente elas – e um grupo de homens em cujo time não jogo – são capazes de valorizar os detalhes.

E são muitos.

Muito mais amplos, sofisticados e diversos, por exemplo, do que o padrão masculino.

A exceção dessa turma nova, que se autoproclama metrossexual , os homens são básicos e despojados. Quando resolvemos “nos enfeitar”, recorremos a um bom relógio, a um par de sapatos bem feito, a uma gravata de grife.

Afora esses componentes, o terno (claro, cinza ou escuro) é o mesmo para todas as ocasiões.

Costumo dizer que, com dez ternos e cinco blazers, um homem está anualmente vestido. Uma mulher diante de um guarda-roupa com apenas dez vestidos, porém, provavelmente chegará a conclusão de que está nua.

Nosso kit viagem também é muito mais modesto – provavelmente um perfume, creme dental e de barbear, lâmina, escova de dente, pente e xampu (se não for careca).

Não é essa simplicidade, contudo, que abarrota as malas femininas.

Em muitos momentos, realmente me penaliza a via-crúcis que elas enfrentam. Exemplo: um salto de quinze centímetros, montado sobre plataforma, só pode ser entendido como uma verdadeira tortura. E do tipo perigosa, porque lá do alto o risco mínimo que correm é de sofrer uma bela queda.

Também fico penalizado quando as vejo enfrentando verdadeiras maratonas de embelezamento enquanto nós ficamos prontos para os compromissos sociais apenas tomando banho e fazendo a barba.

E muitos de nós ainda se põem a ralhar, incomodados pela demora.

Dentro dos closets, porém, o frenesi é intenso. Elas têm que preparar o cabelo, fazer as unhas, escolher entre milhares de combinações possíveis de roupas. E não podem cometer o deslize de repetir o visual.

Roupa repetida – ou duplicatas no mesmo evento – é o pesadelo social de qualquer mulher. Só para elas. Eu, por exemplo, nunca perceberia o incidente.

Mas como conseguir fazê-las relaxar? Como convencê-las que esses rituais torturantes não são necessários?

Até tentamos, mas não importa.

Afinal, não é para nós.

Não é por nós.

E, principalmente, não é nossa culpa.

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