Sou empresário há mais de 50 anos. É tempo suficiente para testemunhar muitas transformações – plácidas ou turbulentas – e assistir, de camarote, a história passar na avenida Brasil.
Posso atestar, porém, que em nenhum momento, nestas cinco décadas, assisti a um desmoronamento tão vertiginoso do País.
Estes últimos seis meses certamente grafarão, na história, um instante atípico da República. Diante de nossos olhos, o Brasil se fragmenta.
Diante deste cenário, uma pergunta se impõe de um extremo a outro desta nação continental:
Vamos permitir que a nação se transforme em terra arrasada?
Quem é brasileiro e ama o País comunga uma certeza: a guerra precisa chegar ao fim.
A sequência de fatos iniciados há dois anos, com acirramento a partir da virada de 2015, me leva a constatação de que ou a contenda acaba ou sucumbimos todos juntos.
Sim, tenho minhas convicções políticas. Porém, sou mais pragmático do que se pode imaginar na hora de deletá-las. Pois entre as crenças e a sobrevivência, sempre escolherei a segunda opção.
E meu instinto de sobrevivente me avisa, aos berros, que quanto mais tempo durar a fritura política, mais aprofundaremos nosso enfraquecimento.
No meio do turbilhão, sonho com o basta. Seja ele qual for – justo ou injusto.
O tempo, senhor da razão, restituirá a verdade. E fará justiça aos que merecem.
Por ora, os brasileiros (estes sim) é que não merecem sepultar seus negócios em cemitérios de empreendimentos vitimados pela crise.
Nem continuar a viver a angustia do desemprego, que já atinge quase dez por cento da população (o maior índice desde 2012). Somente na Paraíba, 6 mil e 672 foram apresentadas ao fantasma da demissão.
Nós também não merecemos a escalada da inflação. Nem o arrocho das tarifas. Ou tampouco a paralisação da gestão brasileira.
A situação atual, porém, sinaliza que temos chance zero de um desfecho apaziguado.
Ex-ministro e testemunha privilegiada dos capítulos mais importantes da história recente do País, Delfin Netto concorda que o processo se acelerou e não há mais acerto possível.
Delfin vai além: para ele, o governo acabou e não mais governa. A ruptura é iminente.
Se é esse o epílogo possível, que ele venha. Pois a inércia da máquina pública e a guerra para assumir o “guidão” do País está tragando toda a nação.
Temos responsabilidades com esse País. Não podemos permitir que a pátria se esfacele num cabo de guerra sem fim.
E esta é a missão que repousa em nossas mãos, independente dos credos, das cores partidárias, dos interesses de grupos.
Às margens de um Ipiranga imaginário, que existe em cada brasileiro, precisamos dar este grito altivo:
O Brasil não pode piorar!