O dia seguinte

Independendo de quem seja o vitorioso neste domingo, na Paraíba, Ricardo Coutinho ou Cássio Cunha Lima, a vida continuará para seus 3,9 milhões de habitantes. Esperemos do vencedor a grandeza de propor a unidade ao invés de buscar a retaliação; que encerrada a disputa, o foco seja a entrega das promessas e não o aumento do fosso que tem penalizando o Estado.

Hoje, a Paraíba está dividida entre duas frentes: a de Cássio, que reúne 15 partidos, e a de Ricardo, que agora soma 13. Os líderes dessas 28 legendas estão ansiosos para saber quem subirá os degraus do poder e quanto prestígio receberão. Todos têm projetos para 2016, ano de eleições municipais, e dependem das boas graças do vencedor, que terá cerca de seis mil cargos de livre nomeação (os comissionados) para preencher.

Quem sobe na estrutura de poder se Ricardo for eleito? Primeiro ele próprio mudará de status na política paraibana por derrotar um campeão de votos. Depois, o PDT que indicou a vice-governadora, Lígia Feliciano e o PT que teve papel fundamental em João Pessoa.

Se aumentar a votação de RC em cidades chaves a exemplo de Campina, o PMDB conseguirá seu espaço. Também pesará o fato da coligação original liderada pelo PSB só ter conseguido 11 deputados dos 36 que fazem a Assembleia, e o apoio do PMDB acrescenta três. Além desses, RC precisará atrair outros para garantir governabilidade.

Sendo Cássio o eleito, não apenas confirmará sua liderança, como a mudança será bem mais ampla. Levará para o poder partidos que sempre fizeram oposição a Ricardo Coutinho, como PEN, PR, SD, PMN, PT do B, PTN, PSC, PP e PSDC, e outros que foram para a oposição, como PPS, PSD, PRB e o PROS, que passou a apoiá-lo neste segundo turno.

Cássio não precisará buscar apoios fora do grupo. Sua coligação elegeu 20 deputados e tem o apoio dos dissidentes João Henrique (DEM) e Trocolli Júnior (PMDB), ou seja, terá a maioria absoluta no Legislativo.

Subir e descer é do jogo político. Importante é que no dia seguinte o vitorioso não esqueça os interesses de quem lhe deu o poder: o cidadão.