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O ‘jornalista’ que ‘entendia’ de preposições e amizade

Certa vez, um “jornalista”, de cujo nome confesso que esqueci, pediu, por meio de um irmão meu, um poema para publicação na página dele.

Fiquei feliz, porque sempre fico satisfeito quando alguém lembra que sou poeta e de minha poesia.

Naquela época, página em internet era uma novidade; eram raras e ainda não tinham esse nome de “Portal”.

Selecionei, com todo o cuidado, um poema meu que considero muito bom e é dedicado a Sérgio de  Castro Pinto, por ser claramente inspirado no estilo dos poemas dele.

Fiquei, no entanto, triste, quando vi o texto publicado. O cara mudou, sem me consultar, a dedicatória.

Minha dedicatória era:

Para Sérgio de Castro Pinto.

O sujeito mudou para:

“A Sérgio de Castro Pinto”.

Realmente, não fiquei satisfeito e mandei um “e-mail”, questionando.

A justificativa dele:

– Mudei sim; você conhece Sérgio de Castro Pinto? Porque você só poderia usar “para Sérgio de Castro Pinto” se você conhecesse ele (sic). Sérgio de Castro Pinto é um poeta muito famoso… Então, tem que ser a Sérgio de Castro Pinto.

Quer dizer:

De uma “lapada” só, o cara quis me dar uma lição sobre o emprego das preposições e, ainda por cima, duvidou de uma das mais caras amizades (da qual tenho muito orgulho) que tenho, há décadas.  

BOM PARA CONCURSOS

Emprego das preposições

Os concursos têm explorado bastante esse detalhe do assunto preposições; não adianta, portanto, apenas saber quais são elas e a classificação, como se “cobrava” em provas, antigamente. Agora, é necessário saber a natureza semântica delas; ou seja: qual o significado da mesma preposição em frases diferentes.

Vamos ao detalhe:

VALORES DAS PREPOSIÇÕES

Isoladamente, as preposições nada valem. Na frase, podem exprimir diversas relações, com os mais diversos sentidos*.

*É isso que se pede, nos concursos, atualmente; não adianta decorar as preposições.

A

  1. Direção: Levou os olhos Ao céu.
  2. Lugar: Nosso irmão foi A Paris.
  3. Modo: Eles fugiram A galope.
  4. Tempo: Ele vem aqui Aos domingos.
  5. Meio: Eles viajam A cavalo.
  6. Instrumento: O terreno foi arado A enxada.

COM

  1. Companhia: Estive COM o deputado.
  2. Oposição: O Brasil jogou COM a Alemanha.
  3. Causa: COM o plano, ele empobreceu.
  4. Instrumento: Ele se feriu COM o canivete.
  5. Modo: Ele estava sempre COM medo.

DE

  1. Causa: O homem morreu DE fome.
  2. Assunto: Falamos DE cinema.
  3. Origem: Ele é DE Piancó.
  4. Meio: Você veio DE táxi? 
  5. Tempo: “DE noite, eu rondo a cidade (…)”

EM

  1. Modo: Os homens marchavam EM silêncio.
  2. Preço: A casa foi avaliada EM 135 mil reais.
  3. Lugar: Os livros estão NA gaveta.
  4. Tempo: O fogo destruiu o canavial EM segundos.
  5. Estado: A casa está EM fase de acabamento.

POR

  1. Lugar por onde: O ônibus passa POR Manaíra.
  2. Tempo: Hei de te amar POR toda a vida.
  3. Causa: POR estar doente não pôde assistir à peça.

SEM

  1. Ausência (falta): SEM você não sei viver.

* João Trindade

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