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O papel das mulheres na luta pelos direitos trabalhistas

Primeiramente, preciso dizer da importância que tem o dia oito de março, dia que celebramos o Dia Internacional das Mulheres. Voltando um pouco no tempo, temos episódios que marcaram ao longo dos anos a luta das mulheres pelos direitos trabalhistas. Pensar no chão das fábricas do século XIX, quando mulheres operárias morreram carbonizadas em um incêndio ocorrido nas instalações de uma fábrica têxtil na cidade de Nova York.

Celebramos muitas conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, bem verdade. Hoje conseguimos planejar mais nossas vidas, afetiva e profissional. Mas há também um alerta sobre os graves problemas de gênero que persistem em todo o mundo. Parto do pressuposto que antes de ser um fenômeno apartado de nossas vidas, um “universo paralelo”, algo que nos impede de se relacionar de fato e viver a vida que vale a pena viver, as relações sociais, os valores culturais, as estruturas políticas, as trocas econômicas deixam sempre uma “margem” para o não empoderamento das mulheres. Seja na comprovação que ainda hoje as mulheres sofrem com a desigualdade no mercado de trabalho em relação aos homens, seja na representação eletiva em nosso congresso nacional ou na câmara local de nosso município. Penso sempre que “vamos viver, finalmente, um sonho da democracia participativa, igualitária”.

Hoje comemoramos as lutas femininas em passos de algoritmos, circulam em um flash. Os algoritmos de nossa vida real, um reflexo-ativo que reproduz nossos cotidianos, sonhos, sofrimentos, medos e coragens. Não são reflexos-passivos que apenas recebem códigos do mundo real, mas ativos que constituem o próprio mundo real desses novos tempos.

No Brasil, uma sociedade herdeira de tradições coloniais e escravocratas, assentada em hierarquias e em feudos de dimensões históricas e culturais profundas, com o tempo, os poderes conservadores tentam “silenciar” nomes de mulheres que desafiaram “o establish”, como a Margarida Maria Alves, mulher camponesa, sindicalista, que desafiou o status quo. E morreu. “De morte matada, ‘seu’ moço”. Uma guerra rural. Que pode ser traduzida em guerra urbana, facilmente. A terra, o poder.

Mas o tiro que matou Margarida hoje provoca a revolução no campo e nas cidades. Somos a Marcha das Margaridas, mulheres reunidas na Paraíba, no Brasil e no mundo, “ninguém solta a mão de ninguém”.

De muitas formas, somos Margaridas. E somos Elizabeths. Vindo do sentido forte da Elizabeth Teixeira, paraibana, camponesa, que continua denunciando a mesma roda enferrujada da história que esmagou outrora os trabalhadores do campo. É o símbolo vivo da luta do campo. Ela é forte, é memória viva de Sapé, de Mari, de lá, acolá e do aqui.

Para o oito de março devemos seguir um pensamento que se sedimente num compromisso com o social, com a práxis, com a ação política transformadora da realidade existente, um bom camarada agradeceria a luta em prol de um mundo mais empático, menos caótico e mais libertário para as mulheres.


*Mirella Braga é graduada em História e em Direito, especialista em Direitos Humanos, mestra em Ciências das Religiões e em Antropologia e doutora em Antropologia. Mirella é docente dos cursos de Direito e Serviço Social do Unipê.

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