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‘O retorno de Mary Poppins’ é o destaque dos cinemas

“Absolutamente perfeita em todos os sentidos”. É a definição daquela fita métrica que mede o comportamento das pessoas em Mary Poppins (1964) sobre a própria protagonista. Fantasias de roteiro à parte, é com a pressão de se comparar a essa perfeição que a Disney produziu esta continuação 54 anos depois: O Retorno de Mary Poppins (2018), com Emily Blunt no papel pelo qual Julie Andrews ganhou o Oscar.

A nova versão traz Mary Poppins de volta das nuvens para reencontrar as crianças Banks, de quem foi babá no primeiro filme, agora adultos. Michael (Ben Whishaw), viúvo e morando com a irmã, Jane (Emily Mortimer), passa por um momento financeiro difícil e pode perder a casa da Rua das Cerejeiras, ainda a mesma onde a babá mágica cuidou deles na infância. Mary Poppins vem cuidar dos três filhos de Michael, mas, como no primeiro filme, é aos adultos que ela vem ensinar algumas coisas.

“Como no primeiro filme” parece ser uma frase que a nova produção estava muito disposta a provocar. Não se trata apenas de tentar resgatar a magia do Mary Poppins de 1964, mas muitos elementos estão mais uma vez presentes. A babá tem, de novo, um parceiro masculino de aventuras, que não é o Bert de vários empregos (limpador de chaminés, pintos de calçadas, banda de um homem só) vivido por Dick van Dyke no original, mas é o acendedor de postes Jack, papel de Lin-Manuel Miranda, compositor das canções de Moana e que tem seu primeiro papel de destaque em cena.

As canções, aqui, no entanto, não são dele, mas da dupla Marc Shaiman e Scott Wittman (de Hairspray e da série Smash). Dick van Dyke está no filme, interpretando o banqueiro filho do segundo personagem que viveu no filme original.

Julie Andrews, no entanto, declinou do convite de também aparecer em uma ponta. “É o show de Emily, e eu realmente quero que seja o show de Emily”, disse em entrevistas, temendo que sua aparição fosse uma distração. O papel, de senhora dos balões, acabou ficando com Angela Lansbury, que estrelou para a Disney Se Minha Cama Voasse (1971), um sub-Mary Poppins, e foi a voz original da Madame Samovar em A Bela e a Fera (1991).

O Retorno de Mary Poppins também busca o “como no primeiro filme” no fato natural de ser um musical (Emily Blunt já apareceu cantando em Caminhos da Floresta, 2014) e no uso da animação para contracenar com os atores de carne e osso em uma sequência. Não só isso, mas a animação dispensa a computação gráfica e é desenhada à mão. Para isso, o diretor Rob Marshall enfrentou os executivos da Disney, que queriam animação por computador no filme.

No Oscar, a marca do original é difícl de bater: 13 indicações e cinco prêmios, incluindo io de melhor atriz para Julie Andrews. Mas O Retorno de Mary Poppins começou bem a temporada de prêmios. Conta com três indicações ao Globo de Ouro (filme e atriz, ambos na seara das comédias e musicais, e trilha sonora). Emily Blunt também é uma das cinco indicadas ao prêmio do Sindicato dos Atores, o SAG, que a deixa com boas chances de ser indicada ao Oscar.

Supercalifragilisticexpialidocious, não?

“O retorno de Mary Poppins”
Mary Poppins Returns. EUA, 2018
Direção: Rob Marshall. Elenco: Emily Blunt, Lin-Manuel Miranda, Ben Whishaw, Emily Mortimer, Meryl Streep, Julie Walters, Colin Firth, Dick van Dyke, Angela Lansbury
Classificação: Livre
Estreia em JP e CG

Filme brasileiro também estreia

Não é a primeira vez que o clássico texto de teatro O Beijo no Asfalto, de Nelson Rodrigues, é transposto para as telas do cinema, mas a adaptação assinada pelo ator (e agora diretor) Murílio Benício, que estreia nesta quinta-feira em JP, vem chamando a atenção de crítica e público por sua inteligência em contar uma história já bastante conhecida.
Filmado todo em preto e branco, a produção traz um elenco afiado e uma montagem híbrida, que mistura encenação e leituras dramáticas do roteiro, conduzidas pelo diretor Amir Haddad.
A princípio, a ideia parece batida, mas quem já viu garante que O Beijo no Asfalto consegue utilizar essa e outras ferramentas cênicas – como a quebra da quarta parede, quando os personagens conversam diretamente com o público – de maneira fluida. O enredo é cruelmente atual, como normalmente os textos de Nelson são, e aqui ele está na íntegra.
Arandir (Lázaro Ramos) tenta socorrer um homem que acaba de ser atropelado. Antes de morrer, a vítima lhe pede um beijo, anseio prontamente atendido. As consequências desse ato são devastadoras e Arandir precisa lidar com o julgamento da sociedade, o desmoronamento de seu casamento e a figura vilanesca de um jornalista que quer se aproveitar da história para catapultar sua própria carreira.
No cinema, outras versões são de 1964, de Flávio Tambellini, com Reginaldo Faria, e a de 1981, dirigida por Bruno Barreto, com Ney Latorraca e Tarcísio Meira. A montagem original da peça é de 1961.

“O beijo no asfalto”
Brasil, 2018
Direção: Murilo Benício. Elenco: Lázaro Ramos, Débora Falabella, Otávio Muller, Stenio Garcia, Fernanda Montenegro, Augusto Madeira
Classificação: 12 anos
Estreia nesta sexta-feira em João Pessoa

*Por Renato Félix e André Luiz Maia, do jornal CORREIO

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