Organizações de Direitos Humanos destacam os 5 anos do assassinato de Manoel Mattos
O advogado e defensor dos Direitos Humanos, Manoel Mattos foi assassinado em 24 de janeiro de 2009, na praia de Pitimbu, litoral sul da Paraíba.
Organizações de Direitos Humanos divulgaram nesta sexta-feira (24) nota em razão dos cinco anos do assassinato do advogado Manoel Bezerra de Mattos Neto, ocorrido em 24 de janeiro de 2009, em Pitimbu, litoral sul da Paraíba.
Defensor dos Direitos Humanos, Manoel Mattos combatia grupos de extermínio com atuação em Pernambuco e na Paraíba.
O processo contra os acusados de assassinar Manoel Mattos teve início na Justiça Estadual da Paraíba, mas o Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou o pedido do MPF e determinou sua transferência para a Justiça Federal paraibana, em outubro de 2010.
A nota destaca que “neste momento cabe à Justiça Federal, através do Tribunal Regional Federal da 5ª Região definir quais os próximos passos para que o IDC não seja um instrumento inócuo, visto que é pauta imprescindível para a garantia dos direitos humanos, pelo qual a sociedade civil demandou com muita esperança durante a Reforma do Judiciário (Emenda Constitucional 45/2004).”
Confira a nota na íntegra:
5 ANOS DO ASSASSINATO DE MANOEL MATTOS
O crime. A mobilização. A federalização. O Júri Popular. A Justiça Federal. A inquietação e a esperança.
Na data 24 de janeiro de 2009, foi barbaramente assassinado o defensor de Direitos Humanos Manoel Mattos na cidade de Pitimbu, Estado da Paraíba, sua história de luta e compromisso com a democracia é um exemplo de como ainda precisamos lutar para aperfeiçoar nossas instituições, o Sistema de Justiça e de proteção aos/as Defensores/as de Direitos Humanos.
Em função da grave violação que caracterizou o crime e ampla mobilização da sociedade civil organizada através de Organizações não governamentais como Dignitatis e Justiça Global, Movimentos Sociais, Partidos Políticos e a OAB Federal e do Estado de Pernambuco, conseguiu-se a primeira federalização das investigações e do julgamento.
Importante destacar que tal conquista contou com o papel aguerrido dos familiares, em especial Dona Nair Ávila (Mãe de Manoel Mattos), intelectuais, juristas, assim como segmentos da estrutura de Estado como a Procuradoria Geral da República, o Ministério Público Federal (Paraíba e Pernambuco) e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República – Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, além da forte presença de segmentos da rede internacional de direitos humanos, dentre os quais destacam-se a Anistia Internacional e a Front Line Defenders.
O deslocamento de competência (IDC – também chamado Federalização) tem contribuído para dar esperança que a justiça seja plena e consiga, como exemplo, dar conta à sociedade de uma situação de morte anunciada, situação essa enfrentada por uma centena de defensores/as de direitos humanos em todo o Brasil.
Infelizmente esta realidade tão conhecida e documentada através da CPIs, Relatórios de Direitos Humanos, denúncias internacionais, petições, informes e outras formas de comunicação, demonstra o quanto precisamos lutar para efetivar a garantia dos Direitos Humanos aos que precisam e necessitam de justiça, mais uma vez demonstrada através da necessidade de desaforamento do Júri Popular da Justiça Federal do Estado da Paraíba através de uma liminar que demonstra a articulação dos grupos em setores de várias esferas da estrutura do Estado.
Neste momento cabe à Justiça Federal, através do Tribunal Regional Federal da 5ª Região definir quais os próximos passos para que o IDC não seja um instrumento inócuo, visto que é pauta imprescindível para a garantia dos direitos humanos, pelo qual a sociedade civil demandou com muita esperança durante a Reforma do Judiciário (Emenda Constitucional 45/2004).
O enfrentamento ao crime organizado, aos grupos de extermínio e à tortura são dimensões que se entrecruzam na mesma gama de fatores que levam violência ao campo e medo às cidades. A construção de uma sociedade mais justa e solidária passa pela consolidação da defesa da dignidade da pessoa humana em todos os sentidos da vida e garantindo à sociedade a liberdade de ser protagonista de sua história. Manoel Mattos, presente! Agora e sempre.
A presente nota será enviada para: Ordem dos Advogados do Brasil – Federal, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ministério da Justiça, Procuradoria Geral da República, Organização dos Estados Americanos e Presidência do Tribunal Regional Federal da 5ª Região.