Cinco deputados foram selecionados para debater o impeachment no tempo do PMDB, ontem, na Câmara Federal. O líder, Leonardo Picciani abriu e o paraibano Manoel Júnior encerrou. Durante 13 minutos, detonou a tese da inocência da presidente Dilma Rousseff e de que estaria sendo vítima de um golpe parlamentar.
Manoel Júnior contou que demorou a se posicionar em relação ao impedimento, porque quis estudar as peças da acusação, da defesa e o parecer do relator. Concluiu que a advogada Janaína Paschoal, que assina o pedido de impeachment com os juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior, estava certa quando afirmou que a presidente Dilma comentou não um, mas vários crimes.
Disse que Dilma não tem como alegar inocência diante dos decretos não numerados, os decretos sem autorização do Congresso, as pedaladas fiscais e seu envolvimento na compra da refinaria de Pasadena (EUA), que considerou como muito grave.
O paraibano contou que a refinaria estava para ser vendida por US$ 46 milhões. Contudo, o Brasil pagou R$ 1 bilhão pelo que estava sendo oferecido como sucata a outras empresas. Criticou não só a corrupção, mas a “falta de amor daqueles que deveriam estar lá, honrando um patrimônio do povo brasileiro”.
Depois, comparou o caso de Dilma com a situação de inúmeros prefeitos de todo o Brasil, que são condenados por não aplicarem, por exemplo, 25% das receitas em Educação.
Apontou que a petista editou decretos não autorizados que somam mais de R$ 90 bilhões. Disse que feriu o Código Penal ao autorizar obrigações nos últimos dois quadriênios do último ano do mandato, tendo informações de que não poderiam ser honradas no exercício, conforme determina a lei, e que também ordenou operação de crédito sem prévia autorização legislativa. Por fim, lembrou que o TCU analisou suas contas e viu crime de responsabilidade.
Manoel ainda destacou as consequência desses atos, a exemplo da crise que fechou fábricas e lojas e que desemprega milhões de brasileiros. Concluiu sua fala citando Ulysses Guimarães: “Ecoam nesta sala as reivindicações das ruas. A Nação quer mudar, a Nacão deve mudar, a ação vai mudar”. E arrematou: “Impeachment já”.
TORPEDO
Aqueles que fizerem parte deste golpe estarão condenados ao anonimato. Aqueles que tiveram a coragem de contrariar interesses poderosos e defender a legalidade democrática colocarão seu nome na história.
Da presidente estadual do PT, Giucélia Figueiredo, garantindo que a mobilização contra o impeachment continuará.
Apoio tucano
Para o presidente do PSDB, Ruy Carneiro, se o impeachment for admitido, o PSDB deve contribuir para a estabilidade no Brasil. Ele não considera ocupar cargos, mas apoiar propostas que viabilizem o futuro.
Advertência
Para Anísio Maia (PT), a bancada nordestina “dará um tiro no pé se ficar ao lado do golpe”. Segundo ele, 54% da população é contra o impeachment e a favor do governo “que melhorou e muito a vida de nosso povo”.
Dois atos
Tem manifestações a favor e contra Dilma programadas para amanhã, em João Pessoa. Os pró-impeachment estarão no Busto de Tamandaré. Já os contra vão sair de Mangabeira para a Praça da Paz, nos Bancários.
Só depois
O debate sobre as eleições municipais perdeu força diante do impeachment da presidente Dilma. Os prefeitos que vão tentar a reeleição agradecem, pois denúncias de adversários não prosperam na atual conjuntura.
ZIGUE-ZAGUE
O presidente Arthur Cunha Lima deu prazo até 10 de maio para os gestores públicos enviarem folhas de pessoal ao TCE, para o cruzamento nacional de dados.
A Corte está de olho na acumulação irregular de cargos públicos e em ganhos acima do teto constitucional. No passado pegou servidor com até 10 contracheques.