P? de ouvido

O conteúdo da recente conversa entre o senador José Maranhão e o governador Ricardo Coutinho foi mantido em sigilo, por questão estratégica dos dois lados. Bastou uma rápida apuração e cruzamento de dados de fontes para o encaixe perfeito das peças desse quebra-cabeça.

A prosa na casa do cacique do PMDB nem de longe foi um encontro de amenidades ou mera pauta administrativa, como quis fazer acreditar o líder peemedebista. O socialista, segundo fontes da sua maior confiança, avançou em temas políticos na relação com o PMDB.

Um dos pontos do colóquio foi a almejada assunção da suplente Olenka Maranhão, sobrinha do ex-governador, à vaga na Assembleia. Para isso, Maranhão e Ricardo Coutinho trataram de detalhes da convocação do deputado Trócolli Júnior para a Secretaria de Esportes do Estado.

Trócolli resistia à operação. Publicamente, já havia antecipado sua completa indisposição de ir para uma pasta, sem poderes e sem força de execução de obras e atendimento de pleitos de sua base política. Resumindo: não trocaria tempo de mandato só pra encenar como secretário e acompanhar jogos escolares.

Ricardo e Maranhão encontraram juntos uma saída para fortalecer financeiramente a Secretaria e possibilitar robustez e condições de realizações. Até gorda emenda parlamentar do deputado Benjamim Maranhão teria entrado na mesa de negociações.

O gesto político do governador Ricardo Coutinho, em meio à sua licença, não foi gratuito. Tem propósito e endereço mais do que certos. Quanto mais fortalecer a relação política com José Maranhão, presidente estadual do PMDB, mais neutraliza movimentos como o da tese de candidatura própria em João Pessoa.

Ricardo quer o PMDB vitaminando o projeto do PSB, a partir da Capital. Para isolar Manoel Júnior e sua pré-candidatura, não poupará esforços. E nem espaços.