Elas já foram impedidas de votar e hoje, apesar da desigualdade na participação, comandam Municípios e se destacam como gestoras. Dados da pesquisa Perfil das Prefeitas no Brasil (2017-2020), realizado pelo Instituto Alziras, mostra que as mulheres que estão à frente das prefeituras acumulam experiência na política, têm mais anos de estudo do que os homens e superam enormes desafios em cidades pequenas e com poucos recursos.
Apesar disso, as últimas eleições registraram um aumento no índice de prefeitas eleitas em todo o Brasil, saindo de 11,57% para 12%. A Paraíba apresentou uma queda: o percentual, que era de 18%, caiu para 16,6% de mulheres comandando 37 dos 223 municípios. Nesta segunda-feira (8), Dia Internacional da Mulher, a Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup) destaca o papel feminino nas administrações municipais e seus desafios diante da pandemia causada pelo coronavírus.
Entre esses pontos, a Famup lista administrar com queda de arrecadação de impostos, driblar a demanda reprimida no serviço de saúde, promover ampliação das vagas de creches, retomada das aulas pós-pandemia e a questão da moradia e urbanização de bairros populares.
“Os governos locais têm sido cada vez mais convocados a promover políticas públicas inovadoras e comprometidas com o desenvolvimento social e vemos que nos municípios administrados por mulheres isso acontece de uma maneira mais rápida. Como forma de estimular e contribuir com as administrações, a Famup articulou a criação do Movimento de Mulheres Municipalistas (MMM), que vem colaborando com a formação de novas lideranças. Precisamos de igualdade, de mais mulheres comandando municípios paraibanos. Por isso, essa é bandeira que defendemos”, disse o presidente da Famup, George Coelho, parabenizando as gestoras e todas as paraibanas pelo 8 de Março.
A prefeita de Monteiro e presidente do Movimento de Mulheres Municipalistas (MMM) na Paraíba, Anna Lorena, destacou a atuação das mulheres gestoras no combate ao coronavírus.
“Aqui tiro o chapéu para as amigas gestoras e também a todos os prefeitos que, apesar das dificuldades, estão trabalhando duro para vencer essa luta e salvar vidas. Com apenas 12% de mulheres prefeitas no país, temos ainda muito o que avançar. Precisamos romper muitas barreiras como, por exemplo, a violência política e o preconceito”, destacou a gestora, revelando que foi criada com o apoio da Famup a Rede de Mulheres Caririzeiras, que vai conectar as lideranças femininas de todas as cidades para que juntas possam formar uma rede de apoio em quatro eixos de atuação como: saúde da mulher, direito da mulher, mulher empreendedora e educação profissional da mulher.
Os homens continuam sendo a maior parte dos eleitos para prefeitos na Paraíba. Conforme levantamento feito pela Federação das Associações de Municípios da Paraíba (Famup), a partir de dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 83,4% dos que venceram para prefeito são homens, enquanto a porcentagem de mulheres que ocupam o cargo é de 16,6%.
Ainda de acordo com o TSE, a faixa etária de 20,45% dos prefeitos eleitos é entre 45 e 49 anos, seguida pelos que têm entre 55 e 59 anos (15%). Dados apontam que apenas um gestor tem mais de 75 anos e nove pessoas possuem idade entre 25 e 29 anos – os prefeitos mais jovens.
Para o presidente da Famup, é preciso fortalecer o espaço feminino na política paraibana. “Sabemos da capacidade de gestão das mulheres e, na Paraíba, podemos ver ótimos exemplos de prefeitas, vice-prefeitas e vereadoras”, pontuou George Coelho.
A primeira mulher eleita para comandar um município da Paraíba foi Dulce Barbosa, ex-prefeita de Queimadas, eleita na década de 1960. De lá para cá, houve uma evolução na participação feminina, porém, bem aquém do que seria adequado.