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Paraíba tem déficit de 146 UTIs neonatais, diz estudo

A Paraíba tem um déficit de 146 leitos de Unidades de Terapia Intensiva neonatais (UTIs), para cada mil nascidos vivos, segundo pesquisa divulgada pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), conforme dados do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES). O resultado, que leva em consideração dados de dezembro de 2017, deixa o estado na décima posição com maior déficit de UTIs neonatais do Brasil.

No ranking do déficit, acima da Paraíba estão: Bahia, 485; Pernambuco, 343; Pará, 326; Maranhão, 274; Ceará, 258; São Paulo 249; Amazonas, 230; Minas Gerais, 191; e Santa Catarina, 179.

A pesquisa apontou que, até dezembro, o estado possuía 89 leitos de UTIs neonatais, sendo 63 em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) e 26 de hospitais particulares.

Perda de leitos

A pesquisa também apontou que o estado perdeu leitos de UTIs nos últimos sete anos. Em 2010, eram 99 leitos, contra os 89 de dezembro. Porém, a responsabilidade pela perda de leitos recai sobre os hospitais particulares, que diminuíram de 53 para 26 a quantidade de UTIs, queda de 51%.

Em contrapartida, a saúde pública registrou aumento de 37% na oferta de leitos, saindo de 46, em 2010, para 63 em dezembro de 2017.

Capitais

Entre as capitais, João Pessoa registrou perda de 6% no números de leitos de UTIs neonatais entre 2010, quando contava com 63 leitos (sendo 31 do SUS e 32 em hospitais particulares), e dezembro de 2017, quando contabilizou 59 (sendo 33 SUS e 26 particulares).

O resultado deixou a Capital como uma das sete que perderam leitos. Além de João Pessoa também tiveram baixa de leitos: Brasília, Cuiabá, Macapá, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Vitória.

Situação no Brasil

A situação do Brasil também é ruim. Conforme dados do Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (CNES), o país possuí um déficit de 3.305 leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) específicos para o acolhimento de crianças que nasceram antes de 37 semanas e que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação.

Esse número representa quase a metade dos serviços já disponíveis e foi estimado com base no parâmetro ideal estabelecido pela SBP: quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos.

“É indispensável e fundamental que exista toda segurança necessária em cada nascimento. Isto inclui a presença do pediatra, sempre, para assistir o recém-nascido, assim como de todos os outros membros da equipe, incluindo o obstetra e a enfermeira. Assim, assegura-se o bom atendimento para a mãe e o recém-nascido”, disse a presidente da SBP, Luciana Rodrigues.

Pelos números apurados, os estados que têm piores indicadores leitos/habitantes são Acre, Amapá, Amazonas e Roraima. Em todos eles, a proporção é de apenas 1,1 leito por mil nascidos vivos, ou seja, menos da metade da média nacional e um quarto do preconizado pela SBP. Neste cálculo foram considerados os serviços públicos e privados.

Das 27 unidades da Federação, em 18 o indicador é inferior à média nacional e 25 não atendem ao ideal apontado pela SBP. Avaliando-se apenas a performance do setor público (leitos de UTI neonatal disponíveis para o SUS), o quadro é ainda pior: somente oito estados superam ou igualam a média nacional e nenhum atinge o parâmetro definido pelos especialistas como recomendável.

Gravidade do caso

Segundo o Departamento Científico de Neonatologia da SBP, a proporção ideal de leitos de UTI neonatal deve ser de, no mínimo, quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos, o que na Paraíba, conforme os dados, fica abaixo do ideal, já que o estado tem 1,1 leito para cada 1 mil nascidos vivos.

Além da preocupação com a oferta de UTIs, a SBP também alerta para a importância de que as gestantes passem por um pré-natal de qualidade, com um número mínimo de seis consultas durante a gravidez e com o acesso aos exames necessários.

Também existe a preocupação dos casos de sífilis congênita (transmitida da mãe para o bebê). Enquanto no Brasil há 6,5 casos em cada grupo de mil nascidos vivos em nações desenvolvidas o parâmetro oscila de 0,5 a 1 caso por mil.

“A população espera que sejam tomadas medidas que garantam profissionais capacitados e condições de infraestrutura de atendimento em hospitais e postos de saúde. Trata-se de um conjunto de ações que precisam ser colocadas em prática, de Norte a Sul do País. Essa é uma condição essencial se queremos, de fato, um futuro melhor para nossas crianças e nosso Brasil”, reiterou a presidente da SBP.

Saúde da Paraíba

O Portal Correio pediu a Secretaria de Saúde do Estado informações sobre os leitos e dados atualizados, mas até a publicação desta matéria a solicitação não foi respondida. A Saúde estadual também não comentou a pesquisa da SBP.

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