Não posso esconder (nem vou) que tenho imenso prazer em receber o retorno do que escrevo. Massageia o coração saber, por exemplo, que um leitor reproduziu e passou adiante o que leu aqui.
Existem, porém, leitores mais do que especiais.
O artigo de hoje deveria ser dedicado a um deles: minha mulher Sandra, aniversariante do dia.
Mas nesse domingo mais uma luz brilha no meu horizonte. Por uma daquelas convergências do destino, hoje também é aniversário de minha neta Bruna, filha da amada Maria Alice.
E este brilho ofusca meu coração.
É pra você Bruna minha prosa dominical.
Receba como poema, registrando entre orações e sentenças, pontos e vírgulas, o intenso, incalculável e infinito amor de avô.
Um avô que ficou mais do que feliz ao receber, ao pé do ouvido, aquele seu pedido:
– Vô, escreve um artigo pra mim!
E você repetiu. Pediu mais de uma vez, como quem quer se certificar de que o pedido não caísse no esquecimento.
Mas como poderia?
Alguém pode imaginar a extensão da alegria de um avô ao constatar que sua neta lê e reverencia suas idéias? E que, em seu imaginário, está o desejo singelo de ser personagem principal de sua retórica?
Bruna não sabe de um segredo: o poder de um pedido de um neto é extraordinariamente forte.
Inegável.
Inesquecível.
E esta missão, “encomendada” como presente de aniversário, é daquelas que se cumpre com inigualável prazer. Até porque – perdoem a imodéstia – minha neta Bruna é uma pessoa de fácil inspiração.
Ela é um encanto do começo ao fim, com sua simplicidade sofisticada, sempre alegrando este coração com as ligações de fins de semana. Nelas, a pergunta invariável:
– Vô, você tá na terra?
Em seguida, a auto convocação para estar comigo:
– Vai almoçar ou jantar em algum lugar?
Acho que só os mais velhos conseguirão mensurar, em toda sua extensão, a fantástica boa ventura dessa convocação.
Poderia arrematar, com perdão da imodéstia, desfilando envaidecido as virtudes de Bruna. Falar de sua beleza, da cabeça boa, do nosso chamego de vô e neta.
Mas isso, convenhamos, arremataria alguém especial com recurso de lugar comum.
Bruna tem luz própria. Seu brilho naturalmente se impõe. E sobrepõe.
Prefiro, portanto, cumprir um dever: pedir desculpas a minha neta.
Bruna, aceite meu perdão por não ter escrito antes sobre você. Sinto que tenha tido a necessidade de pedir. Pois esta iniciativa deveria ter sido minha.
E seria assim: fácil e leve… Palavras fluindo sem travas nem retenções, conduzidas por seu encanto.
E pelo amor que nos une.