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Pesquisa da UFPB destaca potencial da jabuticaba para melhoria da saúde intestinal

Pesquisadora Nayara Massa observou impacto positivo no metabolismo de algum grupo de bactérias benéficas do trato intestinal humano
Jabuticaba
Foto: Divulgação

A pesquisadora Nayara Massa, do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), desenvolveu uma pesquisa que identificou o potencial prebiótico de subproduto da jabuticaba. O projeto, que é resultado da tese de doutorado de Nayara, foi orientado pelo professor Evandro Leite de Souza, do Centro de Ciências da Saúde (CCS).

No estudo, iniciado em 2018, a jabuticaba, fruta nativa da Mata Atlântica brasileira, tem seu potencial prebiótico avaliado, ou seja, o impacto positivo no metabolismo de algum grupo de bactérias benéficas do trato intestinal humano. Para desenvolver o projeto, foram utilizados sistemas de fermentação in vitro.

Nayara explicou que o processamento industrial da fruta gera uma grande quantidade de subproduto, composto pela casca e o caroço, os quais apresentam um alto valor nutricional, em teor de compostos fenólicos (atuam principalmente como agentes de defesa em resposta a estresses causados aos frutos e vegetais, conferindo-os adstringência, coloração, sabor e aroma) e fibras dietéticas. 

Conduzida no Laboratório de Microbiologia de Alimentos (Lamicro), a pesquisa identificou que o subproduto pode contribuir para a modulação de grupos bacterianos que formam a microbiota intestinal humana, estimulando o aumento da microbiota benéfica (Bifdobacterium spp.Lactobacillus spp.) em detrimento de patógenos, que são os microrganismos nocivos para a saúde. 

Além disso, também foi registrado o potencial da jabuticaba no estímulo da produção de metabólitos relacionados à melhoria da saúde intestinal, podendo, dessa forma, ser explorada como ingrediente com propriedades prebióticas em formulações de produtos alimentícios funcionais ou suplementos dietéticos.

Ao comentar sobre a identificação de componentes nutricionais e efeitos benéficos da jabuticaba, Nayara pontuou que o estudo valoriza a importância socioeconômica e cultural da fruta e promove a economia sustentável. Ela destacou a necessidade de buscar possibilidades de reaproveitamento da fruta, já que sua casca e caroço são, geralmente, descartados de forma inadequada no meio ambiente. 

“O estudo é importante para a valorização desse subproduto agroindustrial, com perspectiva alinhada às práticas da economia circular baseadas na sustentabilidade, redução do desperdício de alimentos e da geração de resíduos, bem como na reintrodução do subproduto da fruta na cadeia produtiva em novos ciclos com a mesma qualidade ou superior”, explicou.

Os resultados da tese foram apresentados em dois artigos originais. O primeiro é intitulado ‘Effects of digested jabuticaba (Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) by-product on growth and metabolism of Lactobacillus and Bifidobacterium indicate prebiotic properties’, que foi publicado na revista científica LWT – Food Science and Technology, em 2020. O estudo avaliou o efeito prebiótico in vitro do subproduto digerido da jabuticaba, analisando o crescimento e metabolismo de cepas probióticas.

Já o segundo artigo, ‘In vitro colonic fermentation and potential prebiotic properties of pre-digested jabuticaba (Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg) by-products’, mostrou que os principais compostos fenólicos presentes no subproduto da jabuticaba foram cianidina 3-glicosídeo, hesperidina e ácido gálico, dentre os 13 diferentes compostos identificados.

Jabuticaba
Foto: Divulgação

O desenvolvimento da tese, em conjunto com outras pesquisas sobre a avaliação do potencial prebiótico de subprodutos de frutas tropicais ainda permitiu a elaboração e o depósito de um pedido de patente: ‘Preparo de farinhas a partir dos subprodutos do processamento de frutas tropicais’ junto ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

“É relevante o apoio fomentado pela UFPB à pesquisa e formação de novos cientistas, proporcionando a instrumentação de diversos laboratórios com equipamentos e condições de infraestrutura e logística que possibilitem o desenvolvimento de investigações, a exemplo do que ocorre no Lamicro”, afirmou a discente.

A pesquisadora contou que os estudos desenvolvidos no Laboratório de Microbiologia de Alimentos – Lamicro continuam a avaliar novas propriedades benéficas à saúde produzidas com o uso do subproduto da jabuticaba como, por exemplo, formulações nutracêuticas (definem uma ampla variedade de alimentos e componentes alimentícios com apelos médicos ou de saúde).

Palavras Chave

CiênciaSaúde
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