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Pesquisador investiga escorpiões para evitar acidentes

Um estudo desenvolvido pelo Laboratório de Entomologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) investiga o comportamento e ecologia de escorpiões, além de averiguar como isso pode afetar comunidades humanas, sobretudo no sertão brasileiro. Entender a dinâmica populacional desses aracnídeos é importante, visto que diversas pessoas vivem em torno do ambiente desses organismos e podem ser vítimas de acidentes escorpiônicos.

A proposta é do doutorando Welton Dionisio, sob orientação dos pesquisadores Marcio Bernadino e André Felipe. “Diferente das metrópoles, as populações desse estudo estão inseridas em cidades mais interioranas, com serviço médico mais escasso, tornando esses acidentes mais perigosos principalmente para crianças e idosos”, conta Welton.

A pesquisa será realizada em quatro anos, analisando, nesse período, as variações ambientais – especialmente do solo – e como elas influenciam a distribuição geográfica, abundância, competição, atividade reprodutiva, forma e tamanho desses animais.

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Para realizar o trabalho científico, as espécimes e informações ambientais estão sendo coletadas em seis localidades no estado de Pernambuco, em um gradiente da Floresta Atlântica à Caatinga e durante as estações seca e chuvosa, sendo esta última crucial para compreender como o regime de chuvas pode tornar esses animais mais ou menos ativos.

Além disso, também serão utilizados dados globais coletados por sistemas de Informação geográfica para compreender a distribuição dessas espécies ao longo de todo o território nacional. Após a coleta, alguns animais são levados vivos para o laboratório, para experimentos comportamentais que visam investigar as práticas reprodutivas e competitivas, observando suas respostas a indivíduos da mesma espécie e de espécies diferentes, respectivamente.

Também serão realizadas medições da forma e tamanho desses animais à procura de variações e de possíveis causas ambientais para elas. Todos os animais são criados no biotério do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) da UFPB, mesmo local onde são realizados os experimentos, em João Pessoa.

Em 2019, o Hospital Estadual de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga, em Campina Grande, no Agreste paraibano, atendeu de janeiro a julho, 1.216 casos de pessoas picadas por escorpião.

Ação humana desestabiliza habitat

A Caatinga é uma floresta tropical sazonalmente seca do Brasil, de clima semiárido com baixa incidência de chuva no ano e um período seco prolongado. Durante esse período, a maioria da vegetação perde suas folhas e os recursos alimentares e de abrigo para os animais são escassos. Assim, diversos organismos que vivem sob o solo utilizam buracos, naturais ou próprios, como refúgio térmico.

Apesar disso, estudos têm indicado que as perturbações ambientais no solo têm afetado a qualidade deles e, consequentemente, a prevalência de animais nesses locais que passam a ter solos mais compactos, pobres de minerais, e com menor infiltração de água. Contudo, pouco se sabe sobre a dinâmica populacional e os efeitos do solo e climático sobre vários desses organismos terrestres.

Entre esses animais, estão os escorpiões que são importantes predadores, têm alta densidade, especificidade de micro-habitat e são sensíveis às variações ambientais; características que os tornam ideais para estudos ecológicos e comportamentais em pequena e larga escala, como o que é proposto.

“Entender como as variações ambientais influenciam esses animais ajuda a entender não só o passado, mas o futuro deles em cenários diversos de alterações ambientais e como isso poderia afetar a população humana”, relata Welton.

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