Não quero, não posso nem devo comentar (concordando ou discordando) sobre Mr. Donald Trump.
Até porque, para analisar alguém, dois elementos são balizadores: você e suas circunstâncias.
Se fosse um liberal de Manhattan, por exemplo, teria um rosário quilométrico para debulhar contra o magnata que, contra todas as probabilidades, se assenta hoje na cadeira número um da Casa Branca.
Já se fosse um fazendeiro conservador do meio oeste americano, olharia para Trump como um messias reunificador de uma nação que supostamente teria sido esfacelada pelas gestões democratas.
Mas sou brasileiro – e daqueles que está preocupado demais com o seu próprio País para se ocupar com as desventuras americanas.
Digo mais: desconfio profundamente deste fenômeno de foco intenso sobre a figura de Mr. Trump no momento em que atravessamos uma das piores crises políticas e econômicas da República.
Seria uma cortina de fumaça para desviar atenções dos nossos problemas internos?
Ou pura perda de tempo mesmo – uma importação barata (tesoura press) da grande mídia mundial?
Repito e insisto:
Não quero, não posso nem devo comentar sobre o presidente dos Estados Unidos.
Ele, aliás, está pouquíssimo preocupado conosco – até porque a relação comercial do Brasil com a América do Norte é extremamente vantajosa para eles. O arranjo não poderia ser melhor para Tio Sam.
Não estamos, portanto, na mira do polêmico Trump.
Que só tem olhos para seu vizinho indesejável. Ou para a voracidade do exército vermelho. Ou para a suposta ameaça muçulmana. Ou, ainda, para sua posição estratégica junto à comunidade européia.
Vamos admitir uma perturbadora verdade: Mr. Trump mal sabe que o Brasil existe.
E eu realmente não sei porque nos perturbamos – ou fingimos nos perturbar – tanto com ele.
O que sei é que qualquer coisa ou ente ou ser que nos desvie desse duro processo de responsabilização dos desmandos públicos, pondo fim à impunidade, faz parte de uma estratégia extremamente equivocada que devemos repelir com todas as forças da nossa brasilidade.
O Brasil não pode perder a oportunidade de criar um divisor de águas que será exemplar para as futuras gerações, punindo efetivamente – doa a quem doer – todos os pilhadores da nação.
De Trump os americanos tomem conta.
Porque o Brasil já nos oferta um fardo pesado demais para carregar.
O principal deles – ouso dizer – é retirar todas as pedras que a conveniência política possa colocar no caminho da Lava Jato.
Temos que chegar até o fim do poço do propinoduto.
E não permitir que a pátria mãe seja distraída de todas as ações e subtrações sofridas ao longo de sua história.