Por que não passo?
É essa a dúvida expressada por uma leitora de Brasília, em “e-mail” remetido ao colunista:
“Olá Professor!
Sou (…) de Brasília. Tenho dificuldade de passar em concurso, pois já faz 4 anos sofridos que estudo e nunca consegui a graça de passar em nenhum.
Já fui até a um Neurologista e descobri um pequeno deficit de atenção; acho que depois dessa descoberta, fiquei muito mais atenta às informações que recebo dentro de cursinhos dos meus professores e passei a não mais negligenciar nenhuma informação que recebo em sala de aula.
Não entendo onde estou errando! – pois sou muito disciplinada e não meço esforços quando o assunto é cursinho. Pois diga de passagem, aqui em Brasília são bem caros.
Obrigada pelo carinho e que Deus o abençoe e a seus filhos também”.
Querida leitora:
Em geral, pessoas que leem pouco têm dificuldade em concurso. Não sei se é o seu caso. Quando falo ler, não estou me referindo a ler jornais e revistas, mas sim, livros da literatura “clássica”, como, por exemplo, Graciliano Ramos, Machado de Assis, Rubem Braga, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, etc.
Não é que a leitura de jornais e revistas não seja importante, mas é que a linguagem é muito denotativa e não ensina a raciocinar. Os livros “literários” abrem a cabeça e fazem a pessoa raciocinar melhor; consequentemente, interpretar melhor os textos.
Outro problema frequente – talvez seja o seu – está no método de estudo; não adianta estudar decorando; regras não levam a nada. Claro que não estou dizendo que regras não servem para nada, mas elas são apenas um ponto de partida…
No caso de redação, ao escrever não se preocupe muito com “fórmulas”; as fórmulas tolhem a criatividade.
Quer aprender a redigir bem? Leia Graciliano Ramos! De preferência, o livro “São Bernardo”.
Se você for uma pessoa que não gosta de ler, leia um capítulo desse livro todos os dias; depois, ficará viciada em leitura.
SUGESTÕES DE LEITURA:
São Bernardo – Graciliano Ramos.
Para Gostar de ler – Qualquer volume da coleção.
Contos de Machado de Assis.
200 Crônicas Escolhidas, de Rubem Braga.
Poemas de Cecília Meireles; sobretudo as “Canções”.
Mande notícia!
Abraços, TRINDADE.
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SOBRE ADJUNTOS COMPLETIVOS
É falsa a ideia de que os adjuntos não complementam, conforme apregoam muitos gramáticos. Observemos a seguinte frase:
Amanhã, iremos ao teatro.
Na frase, se tirarmos o termo “ao teatro” (adjunto adverbial), ela ficará, evidentemente, sem sentido. O termo “ao teatro”, portanto, complementa o sentido do verbo “ir”, embora a expressão em destaque seja adjunto adverbial; é o que eu chamo de adjunto adverbial completivo.
João Trindade