Conteúdo patrocinado. Em muitos leitos de UTIs ocupados nas cidades do Brasil, profissionais de diversas áreas de saúde enfrentam a Covid-19 ao cuidar de pacientes. Entre eles, os fonoaudiólogos desempenham um papel essencial: o manejo da disfagia (dificuldade de deglutir) e a redução do risco de broncoaspiração (alimentos, líquidos ou saliva aspirados pelas vias aéreas) em pessoas internadas com a doença.
Segundo o Prof. Me. Rafael Bandeira, coordenador das especializações em Fonoaudiologia do Unipê, é frequente, em hospitais, a presença de distúrbios que afetam a comunicação e deglutição. Desses, os distúrbios de deglutição oferecem o maior risco, pois causam alterações no mecanismo de proteção das vias aéreas superiores, deixando pacientes com, por exemplo, desnutrição e até risco de óbito.
Para reduzir esses perigos, eles estudam diversas possibilidades de alimentação segura por via oral ou sua reintrodução, e comunicação oral, por exemplo. Podem atuar com o paciente ainda no leito de forma precoce, preventiva, intensiva, antes e após cirurgias para dar respaldo técnico e prático à equipe multidisciplinar. O objetivo é atenuar os impactos da doença-base, que pode, inclusive, ser oriunda de outros problemas respiratórios e até neurológicos.
Rafael explica que a avaliação fonoaudiológica identifica alterações estruturais e funcionais relacionadas com a comunicação e deglutição, podendo contribuir com condutas de outros profissionais, como os intensivistas. Já a intervenção deve ser iniciada de imediato, podendo incluir a execução de técnicas e exercícios para promover a reorganização muscular e sensorial.
“Bem como, de forma direta, na alimentação do paciente, indicando como deve ser realizada, quantidade, temperatura do alimento, consistência, sabor, manobras posturais, facilitadoras e orientações específicas durante a alimentação”, completa.
Há pacientes que são mais suscetíveis à disfagia e, por isso, precisam de acompanhamento fonoaudiológico, como idosos. Quem chega a um quadro grave da Covid-19 pode precisar de intubação orotraqueal, ficando entre 10 e 14 dias entubado, respirando por ventilação mecânica. Nesses casos, o fonoaudiólogo monitora a posição do paciente e sua higiene oral. Após sua retirada, ele pode agir para avaliar e intervir caso haja sequelas da intubação.
“As alterações causadas pela intubação orotraqueal podem prejudicar a função de proteção das vias aéreas, levando à aspiração laringotraqueal de alimentos em diversas consistências, bem como de saliva e secreções produzidas em orofaringe que podem comprometer a função pulmonar muitas vezes já prejudicada pela Covid-19”, conclui.