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Rea??o ao ?bvio

Uma das vantagens de ficar velho é zerar as chances de ganhar um novo apelido. Na juventude, colecionei alguns. E cunhei outros tantos.

Aliás, sempre me diverti prestando atenção na mecânica dos apelidos. E acredito que essas alcunhas são verdadeiras caricaturas fonéticas – atingindo em cheio quando destacam traços característicos do apelidado.

Eu costumava ser certeiro. Uma de minhas “vítimas” foi um colega de colegial que até hoje (e aqui, mais uma vez, reitero minhas desculpas) é chamado de Coruja.

Também, coitado, tudo nele – da conformação da cabeça ao formato dos olhos – lembrava a ave agourenta.

Outra colega de escola passou a vida (e não foi por minha culpa) sendo chamada de Se Esqueceu – numa referência maldosa ao desprovimento nadegal.

Verdade que a reação deles – do Coruja e de Se Esqueceu – ajudaram.

Se não quer que o apelido cole, ria dele.

Conheço uma jovem inteligente que, ao invés de reagir, deu gargalhadas ao ser tratada de azeitona por ser pequena e roliça. O autor era um pizzaiolo. E ela recebeu a alcunha como um verdadeiro elogio. “Tem declaração maior de amor do que ser chamada de azeitona por um pizzaiolo?”, diverte-se.

Esses comportamentos, porém, são raros. Tenho percebido que a reação costuma ser – quase cem por cento das vezes – proporcional à consciência do apelidado de que a alcunha lhe serve como uma luva – seja em função da aparência ou de suas atitudes.

Não tenho dúvida: quanto maior é a consciência, mais severa é a reação aos apelidos e críticas.

E estas reações são realmente surpreendentes. São cegas, desmedidas. Você faz uma observação pertinente e recebe, de volta, um petardo nuclear.

O que me faz voltar ao passado.

Naquela época, fiz uma importante descoberta: aqueles que reagiam com mais violência ao serem chamados de Filho da P. era porque, de fato, tinham o berço no meretrício.

Hoje me divirto observando as reações às críticas – ciente de que, quanto maior for a carapuça, maior será a reação.

A verdade, meus caros, costuma doer. E muitos têm baixa capacidade de conviver com a própria realidade.

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