Pelo menos duas repórteres de João Pessoa foram insultadas por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na manhã desta sexta-feira (13), durante cobertura da agenda do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, na capital paraibana.
Os dois estiveram na Capital para o lançamento da ‘pedra fundamental’ do hospital especializado no atendimento de pessoas com deficiência e doenças raras, que será construído no bairro dos Bancários. O espaço destinado à unidade fica ao lado da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).
O ministro, a primeira-dama e o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), não falaram com a imprensa e os detalhes da agenda oficial não foram divulgados.
Durante a passagem da primeira-dama, jornalistas tentaram fazer perguntas, mas foram ignorados. Em uma dessas tentativas, os profissionais foram interrompidos por um bolsonarista, que falou insultos e xingamentos.
Em um dos ataques, o homem ainda não idendificado chamou as repórteres Sandra Macedo, da Rede Correio Sat, e Iracema Almeida, do jornal A União, de “vagabundas”. Guardas municipais contiveram o homem, mas ele não foi detido.
Um vídeo publicado pelo jornalista Maurílio Júnior registra a agressão e a ação de outros jornalistas que tentaram proteger as profissionais. Veja abaixo.
A Associação Paraibana de Imprensa (API) divulgou nota repudiando os ataques. “Os ataques verbais, que por pouco não evoluíram para agressões físicas, partiram de militantes apoiadores do presidente Bolsonaro, principalmente direcionados a duas jornalistas mulheres, Iracema Almeida, do Jornal A União, e Sandra Macedo, da rádio 98 Correio FM. Os xingamentos, além de ataques à liberdade de imprensa, são considerados machistas e sexistas”.
A API se solidarizou com as profissionais atacadas. “Externamos, de forma destacada, nossa total solidariedade às excelentes jornalistas, que prestam um serviço ímpar para a imprensa paraibana. Trabalharemos para que todas estejam seguras em seus papéis de suma importância junto à sociedade deste estado”
A entidade criticou a atitude dos agressores. “Condutas como essa, fustigadas por lideranças políticas, não são aceitáveis em uma democracia, muito menos aceitas por nossa classe. É inadmissível, no exercício de suas atuações profissionais, jornalistas serem atacadas por discursos descontrolados. Não calarão a imprensa comprometida com o Estado Democrático de Direito e com a atuação profissional de todos os jornalistas”.