Apesar do advogado Juvenal Kleiber, responsável pela aeronave que fez voos rasantes nesse domingo (12) na orla de João Pessoa, ter pedido desculpas à Paraíba pelas manobras do piloto, que assustaram os banhistas, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa ao Portal Correio que instaurou, nesta terça-feira (14), um processo administrativo para apurar denúncia sobre aeronave que realizou voos em altitude aparentemente inadequada na orla de João Pessoa.
Conforme a Agência, após conclusão da investigação e de acordo com os resultados do processo, o piloto responsável poderá ser multado e ter a habilitação suspensa. A aeronave também poderá ser interditada.
A Anac diz ainda que está colaborando com as investigações da Polícia Federal; ressalta também que o órgão responsável pelo tráfego aéreo, bem como autorização de voos e controle de rotas aéreas, é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), da Aeronáutica, que também está apurando o caso.
O monomotor que sobrevoou praias a poucos metros da superfície veio do estado do Tocantins e está apreendido.
“Peço desculpas ao povo de João Pessoa pelo ocorrido. Foi a primeira vez que o piloto fez esse tipo de manobra e espero que seja a última. Eu estava em uma praia do Rio Grande do Norte, mas, quando soube, já me coloquei à disposição das autoridades que estão investigando o caso. Mais uma vez peço desculpas à população da Paraíba. É uma imprudência que não deveria ter ocorrido”, falou o advogado, informando que emprestou a aeronave para o piloto fazer voo na companhia de um empresário do estado. A declaração foi dada durante entrevista exclusiva ao programa Cidade Alerta Paraíba, TV Correio/Record HD.
Nessa segunda-feira (13), o monomotor de prefixo PR-RRP e modelo Piper PA-28RR201 – que está parado no Aeroclube de João Pessoa – foi periciado por técnico da Polícia Federal. Equipamentos foram retirados para análise. A Aeronáutica e a Polícia Federal instauraram inquéritos para investigar a imprudência do piloto.
Conforme o Registro Aeronáutico Brasileiro da Anac, o avião é de propriedade de Fábio Bezerra de Melo Pereira, que teria emprestado a aeronave ao advogado Juvenal Kleiber. A Força Aérea Brasileira informou que abriu um processo para apurar a ocorrência. A Junta de Julgamento da Aeronáutica (JJAER) poderá suspender e cassar os certificados e as licenças da aeronave e do piloto.
O Código Brasileiro de Aeronáutica restringe a prática de manobras, como os voos rasantes registrados nas praias do Litoral da Paraíba, nesse domingo (12), a áreas delimitadas pela autoridade da aeronáutica. O voo de baixa altitude praticado pelo piloto da aeronave monomotor PR-RRP, modelo Hiper PA-28RR201 não é permitido em áreas de aglomeração de pessoas.
O diretor do Aeroclube de João Pessoa, Jedaías Mesías, confirmou que a legislação proíbe “esse tipo de voo em áreas de habitações e aglomerados de pessoas”. “O avião devia estar sobrevoando a, no mínimo, mil pés de altitude (cerca de 300 metros)”, disse. O monomotor estaria numa altura de dois metros.
Assista à matéria exibida na TV Correio HD.
Dezenas de ligações
O presidente do Aeroclube, Rogério Iazaby, revelou que a escola de aviação recebeu cerca de 30 ligações de banhistas que presenciaram os voos. “Ele está aqui há poucos dias, veio de Palmas (TO). O avião decolava e pousava normalmente e ficamos sabendo do acontecimento por intermédio dos telefonemas. Esse tipo de procedimento é totalmente irregular e o piloto deverá ser multado e punido”.
Aeronave apreendida
Diante dessa ocorrência, o promotor do Ministério Público da Paraíba, Ronaldo Guerra, acionou a Polícia Militar. Conforme informou o MPPB, a aeronave foi apreendida e a investigação do caso ficou sob responsabilidade do delegado da Polícia Federal, Derly Pereira. Segundo o MP, o responsável pelo monomotor será indiciado e poderá ser multado.
O piloto foi levado à Superintendência da Polícia Federal, em João Pessoa, após ser denunciado por banhistas e pelo presidente do Aeroclube, Rogério Iazaby. Ele prestou depoimento ao delegado de plantão da PF e foi liberado. Segundo a assessoria, será apurado se houve crime e o tipo de infração cometida.