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Ronco, sono agitado e fadiga após acordar podem ser sinal de apneia do sono; conheça os riscos à saúde

Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono acomete 30% da população e eleva risco de doença cardiovascular
Foto: Imagem ilustrativa/Sammy-Williams por Pixabay

Mais comum nos homens do que nas mulheres, a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (Saos) acomete 30% da população e eleva o risco de doença cardiovascular e cerebrovascular.

Os principais fatores de risco associados à apneia do sono são a idade, o gênero, o índice de massa corpórea (IMC), a medida da circunferência do pescoço e as alterações craniofaciais. 

Além disso, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e mudanças hormonais também foram associados à presença da síndrome.

O cardiologista, escritor e pesquisador Valério Vasconcelos explica que a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono é a obstrução completa ou incompleta das vias aéreas superiores durante o sono.

Tais interrupções respiratórias acarretam na redução do oxigênio no sangue e, como consequência, despertares abruptos. “Isso provoca fragmentação do sono e leva à liberação de substâncias endógenas que aumentam o risco de doenças no sistema cardiovascular”.

Na relação “apneia do sono x saúde do coração”, as principais consequências cardiovasculares são: alterações no sistema nervoso autonômico (alteração na frequência cardíaca e na pressão arterial); hipertensão arterial; arritmias cardíacas; doença arterial coronária – entupimento das artérias do coração, que pode contribuir para os eventos coronários agudos (infarto) nas primeiras horas da manhã; acidente vascular cerebral; e insuficiência cardíaca congestiva (coração crescido e sem força para bombear o sangue).

Conforme o especialista, o sintoma mais comum da síndrome é o ronco durante o sono (em volume alto ou baixo) e que normalmente leva o indivíduo a procurar auxílio médico estimulado pelo parceiro ou familiar.

“Outros sintomas também estão presentes em maior ou menor intensidade a depender da gravidade da doença, como fadiga, dores de cabeça ao acordar, sonolência diurna excessiva, alterações cognitivas, prejuízo à memória, diminuição da libido, impotência sexual e transtornos do humor (depressão)”, afirma o cardiologista.

De forma geral, como citado anteriormente, a apneia do sono atinge cerca de 30% da população, mas sua prevalência pode afetar 50% dos indivíduos em subgrupos específicos, incluindo sexo masculino, indivíduos mais velhos e aqueles com sobrepeso ou obesidade. Apesar de ser mais comum nos homens do que nas mulheres, o risco para o público feminino aumenta após a menopausa.

Além disso, pessoas com excesso de peso ou obesidade são mais propensas a ter apneia do sono. “A obesidade, classificada como um índice de massa corporal (IMC) acima de 30 ou mesmo o sobrepeso (IMC) acima de 25 é um fator de risco bem estabelecido para a apneia do sono. Mas também pode ocorrer em pessoas magras”, diz Valério Vasconcelos.

Autor do livro ‘O coração gosta de coisas boas’, o cardiologista e pesquisador lembra que uma das formas mais eficazes para resolver as pausas na respiração durante o sono é o uso de um mecanismo chamado CPAP — sigla na Língua Inglesa para pressão positiva contínua nas vias aéreas. Apneias mais leves (em geral provocadas pelo hábito de respirar pela boca), porém, costumam ser tratadas com dilatadores de narinas.

“Conhecer a origem do distúrbio é fundamental para o especialista determinar as medidas de controle. Se a pessoa for obesa, a recomendação inicial é a perda de peso, associada a exercícios fonoaudiológicos para tonificar os músculos da garganta”, afirma o médico.

Cardiologista Valério Vasconcelos (Foto: Rizemberg Felipe/Divulgação)

Valério Vasconcelos aproveita para reforçar a importância do sono reparador para o bom funcionamento do corpo. “Dormir bem é fundamental para o bom funcionamento do corpo. O sono é responsável pelo descanso da mente, da musculatura, da respiração e do coração. É durante o sono que são liberados hormônios que interferem no metabolismo do corpo, tais como o hormônio do crescimento e o hormônio da saciedade”, declara.

Um sono de má qualidade, acrescenta o cardiologista, tem várias implicações para a saúde, como aumento da sonolência diurna, redução da memória, atenção e raciocínio e elevação do risco de acidentes automobilísticos. Associado a isso, quando o indivíduo não dorme bem, ocorre redução do crescimento das cartilagens dos ossos e de produção de massa muscular; e aumento da chance de ganho de peso e de depressão, o que reduz a qualidade de vida.

“São duas as principais doenças responsáveis por um sono de má qualidade: insônia e apneia obstrutiva do sono (apneia do sono)”, destaca.

Relação com a Covid-19

Além do que já foi apontado pelo médico, estudos sugerem que a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono pode ser um fator de risco para casos graves de Covid-19. “Um estudo divulgado em setembro passado pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, alerta para a necessidade de investigar mais profundamente o impacto do vírus Sars-CoV-2 nas pessoas com a apneia. Já outra pesquisa recente identificou a possibilidade de pacientes com apneia do sono e diabetes terem um risco 2,8% vezes maior de morrer no sétimo dia de internação da covid-19”, afirma o cardiologista.

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Saúde
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