Uma obrigação que deveria ser do poder público obrigou uma família a apelar para uma vaquinha virtual. O paraibano Augusto Vasconcelos foi diagnosticado em janeiro de 2019 com mieloma múltiplo, um tipo de câncer nas células do sangue, e desde então realiza as sessões de quimioterapia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, além de conviver com a doença, Augusto também enfrenta outra luta: a falta de medicamento.
Semanalmente, ele precisa do remédio Velcade, que custa R$ 4 mil cada dose. Ele ainda necessita de mais 24 doses, porém, na semana passada, foi informado que o medicamento está em falta. Foi aí que entrou a história da vaquinha virtual. A ideia foi da filha, Raianna Boni. “O objetivo é cobrir o tratamento inteiro, mas espero que o SUS forneça o suficiente para o tratamento todo”, disse.
Segundo ela, toda vez que o pai recebe a notícia de que os medicamentos acabaram (o que já aconteceu mais de uma vez), as dores aumentam e o lado psicológico fica afetado. “Afeta muito o psicológico dele sempre que o hospital liga. As dores aumentam, ele fica sem comer, fica fraco”, afirmou.
Apesar da notícia negativa, dias depois a Secretaria de Saúde do Estado entrou em contato com a família informando que garantiu mais quatro doses. Porém, a insegurança é o que mais preocupa.
Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado afirmou que o Medicamento Bortezomibe (Velcade) já está disponível. A Secretaria tem o produto licitado e já encontra-se com o fornecimento regular. O atraso do último mês ocorreu devido a avaria de produtos (o que impediu o recebimento), tendo que ser novamente faturado pelo fabricante.
Já a assessoria de imprensa do Hospital Napoleão Laureano afirmou que eventualmente casos como esse podem acontecer, já que a maior parte da verba da instituição vem de doações. De acordo com a assessoria, o custo com medicamentos é de aproximadamente R$ 1 milhão por mês e que caso as doações não atinjam esse valor, pode ocorrer o problema.
O diretor clínico do Laureano, Fernando Carvalho falou sobre como a população pode ajudar. “Nós temos ajuda através da conta da energia, através da Energisa, nosso telemarketing e temos no hospital um setor de doação. Pode levar alimento, fraldas e também alguma importância em dinheiro para ajudar o hospital. A Paraíba tem 1,2 milhão de contas de energia, se em cada conta fosse doado um real, o hospital poderia estar bem. E a gente só recebe através da Energisa cerca de R$ 90 mil”, explicou.
Os servidores estaduais da Paraíba também podem contribuir com a manutenção do Hospital Napoleão Laureano (HNL), através do contracheque. Para se tornar um voluntário, basta que o servidor realize o preenchimento do formulário de autorização do desconto, que pode ser obtido, preenchido e deixado na sede do HNL, que a instituição encaminha para Secretaria de Recursos Humanos do Estado.
Mas, caso o servidor prefira, ao fazer o preenchimento ele mesmo pode ir até a Secretaria de Recursos Humanos entregar o formulário. Após esse procedimento, os centavos serão retirados diretamente do salário, constando em contracheque e, em seguida, destinados à instituição beneficiada.