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Seul considera fornecer armas à Ucrânia após acusar Coreia do Norte de enviar soldados à Rússia

Representante de Pyongyang na ONU chama denúncias da Coreia do Sul de 'rumores sem fundamento e estereotipados'
O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin (Foto: Vladimir Smirnov – 19.jun.24/ AFP)

O campo de batalha global no qual a Ucrânia se transformou após ser invadida pela Rússia em fevereiro de 2022 pode ganhar mais um integrante. Autoridades da Coreia do Sul disseram, nesta terça-feira (22), que a possibilidade de enviar armas a Kiev está na mesa.

A ação seria uma resposta ao suposto envio de 1.500 soldados norte-coreanos a bases militares russas, onde estariam sendo treinados para combates na Ucrânia ao lado do aliado Moscou, afirmou a agência de inteligência sul-coreana na semana passada.

Um funcionário de alto escalão do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, disse a jornalistas que o país está preparando medidas diplomáticas, econômicas e militares após o aumento da cooperação militar entre Pyongyang e Moscou.

“Consideraríamos fornecer armas para fins defensivos”, afirmou o funcionário. “Se forem longe demais, também poderíamos considerar o uso ofensivo.”

Apesar das novas ameaças, não é de hoje que Seul é pressionada pelo Ocidente e por Kiev a fornecer armas letais à Ucrânia. Após a Coreia do Norte e a Rússia assinarem um tratado de defesa mútua em junho, o gabinete de Yoon disse que revisaria a possibilidade de fornecer armamento ao país em guerra.

As recentes declarações do alto funcionário, no entanto, sinalizam uma posição mais proativa de Seul em relação ao assunto. Até agora, o país, que emergiu como um importante produtor bélico no cenário global, tem se concentrado em ajuda não letal, incluindo equipamentos de desminagem.

O funcionário disse ainda que uma equipe de oficiais de inteligência e defesa sul-coreanos visitará a sede da Otan nos próximos dias após o chefe da aliança militar ocidental, Mark Rutte, pedir a Yoon mais informações sobre o tema. Nem a Otan nem os Estados Unidos confirmaram a informação de Seul sobre os soldados norte-coreanos, mas ambos afirmaram que o envio seria uma escalada perigosa no conflito.

Os comentários do funcionário ocorreram após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional da Coreia do Sul. Em um comunicado, o órgão afirmou que Pyongyang age como uma “organização criminosa” ao enviar jovens para lutar como “mercenários da Rússia”.

“Nosso governo pediu a retirada imediata das tropas norte-coreanas, e, se a atual conluio militar entre a Coreia do Norte e a Rússia continuar, não ficaremos parados e responderemos severamente junto com a comunidade internacional”, disse o conselho. Na segunda (21), a Coreia do Sul convocou o embaixador da Rússia em Seul para condenar o suposto envio.

Há meses, Seul e Washington afirmam que Pyongyang envia para a Rússia parte das armas que são utilizadas na Ucrânia, algo que os acusados negam. Nesta segunda, um representante da Coreia do Norte na ONU também negou o envio de soldados.

“A minha delegação não sente nenhuma necessidade de comentar tais rumores sem fundamento e estereotipados”, afirmou o representante, para quem a denúncia “tenta manchar a imagem da Coreia do Norte e minar as relações legítimas, amistosas e de cooperação entre dois Estados soberanos”.

Em um comunicado divulgado nesta terça, Kim Yo-jong, a influente irmã do ditador Kim Jong-un, chamou Ucrânia e Coreia do Sul de “cães malcriados dos EUA” e voltou a acusar Seul de enviar drones contra seu território.

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