Em papeis distintos, dois paraibanos estiveram sob os holofotes da crise nacional: o deputado Aguinaldo Ribeiro, líder do PP, a quem coube informar que o partido fará convenção entre os dias 11 e 14 de abril – portanto, após a votação do impeachment na Comissão Especial da Câmara – para decidir se desembarca do governo. O outro foi o senador Cássio Cunha Lima, que saiu em defesa do peemedebista Michel Temer.
Graças a janela partidária, o PP tem a 3ª maior bancada na Câmara. Passou de 40 para 49 deputados, perdendo apenas para PMDB, com 69 deputados, e PT, que tem 58. Segundo Jerônimo Goergen (PP-RS), a maioria do partido já apoia o impeachment. Para reverter essa tendência, o governo estaria oferecendo mais um ministério poderoso – o da Saúde, que está com o PMDB. O partido já comanda o da Integração Nacional.
Enquanto o PP adia decisão, o tucano Cássio sinaliza para uma nova coalização de forças no Congresso. Saiu em defesa do vice-presidente Michel Temer, que a partir do rompimento com o governo virou alvo dos petistas. Observou que enquanto servia aos propósitos do PT, era festejado. Agora que está fora, perdeu as qualidades que levaram à sua escolha para compor chapa com Dilma.
O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) rotulou de “antipovo” a proposta do PMDB para o Brasil. Cássio não perdoou: “Vou lhe sugerir que coloque os olhos na Petrobras. Olhe para o que acontece em outros grandes esquemas de corrupção que estão sendo revelados, porque nada é mais antipovo do que roubar o povo. É o que está acontecendo todos os dias neste país”.
Contra o clima de confronto, o tucano defendeu “paciência, prudência e muita maturidade”. Disse que a oposição não aceitará provocações e que manterá a serenidade, para garantir o futuro. Revelou sua preocupação com o desempenho da economia e sua repercussão na vida das pessoas, especialmente perda de renda e desemprego.
Também atacou o que chamou de “enredo fantasioso de golpe”, que considerou “proselitismo político puro” e “um alarido de desalentos, de quem já não consegue mais argumentar em bases razoáveis”.
Não se trata de um conjunto de frases. PSDB e PMDB agora estão na mesma fronteira da crise que testa a habilidade dos políticos paraibanos.
Torpedo
“A situação da presidente é insustentável politicamente, juridicamente e do ponto de vista de apoio popular. De certa forma essa rejeição ao governo respalda os parlamentares que defendem o processo de impeachment”.
Do presidente do PSDB, Ruy Carneiro, sobre a pesquisa Ibope/CNI, pela qual 82% reprovam “maneira de governar” de Dilma.
Avaliação
Apenas 10% avaliam o governo de Dilma como ótimo/bom, contra 69% que consideram ruim/péssimo. Para Ruy Carneiro, um presidente com esses números não tem legitimidade para continuar à frente do destino do País”.
Norma única
Do deputado Artur Filho, sobre o “golpe”: “Se valeu para Collor, porque não pode contra Dilma? Esse argumento reforça o desespero dos petistas e de quem apoia o atual governo que está mergulhado na corrupção”.
Atitude
Vou pegar carona com o brilhante e destemido Fabiano Gomes, que no Correio Debate destacou a elegância de Ana Claudia Vital, que seguindo o PMDB deixou a Funasa, mas saiu apontando as boas obras de Dilma.
Insistência
O deputado Tovar Correia Lima (PSDB) recorreu ao procurador-geral de Justiça, Bertrand Asfora, para tentar derrubar a MP 242, que suspendeu o reajuste anual dos servidores estaduais. Sustenta que é inconstitucional.
Zigue-Zague
Janaína Paschoal, que assina o impeachment, citou palestra do ministro José Eduardo Cardozo contra Dilma: quedesrespeito a LRF é crime de responsabilidade.
O ministro Tarcísio Vieira de carvalho (TSE) esteve no TJPB com o presidente Marcos Cavalcanti. Ele veio conhecer a estrutura da Justiça paraibana.