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Alerta

A Polinésia francesa é um espetáculo da natureza – uma “orgia” biológica que tive o prazer de conhecer ano passado.

O show começa em terra – onde afloram formações vulcânicas rochosas, encimadas por florestas intensas – e se estendem ao seu entorno marinho, anelado por corais milenares.

Como nada é perfeito (nem a natureza), o anel de coral tem algumas falhas em sua circunferência – barras que se formaram por influência das águas das chuvas e das nascentes, que há milhares de anos desembocam em determinados locais do atol.
Trocando em miúdos, o encontro da água doce com a salgada cria um ambiente desfavorável para os corais, inviabilizando sua manutenção.

Um encontro contaminador que também ocorrerá, de forma mais intensa, em outro banco de coral privilegiado: o nosso.

Dos mais de oito mil quilômetros que formam o litoral brasileiro, apenas no trecho entre o norte da Bahia e o sul da costa do Ceará – incluindo aí a Paraíba – existem ocorrências de bancos de corais costeiros.

São verdadeiras relíquias biológicas que já agonizam – segundo estudiosos do meio ambiente – em processo de necrose em função de distúrbios ambientais (entre os quais figuram poluição e aumento dos termômetros).

Um processo que – desafortunadamente – deve acelerar a partir da transposição do Rio São Francisco e da consequente perenização do Rio Paraíba.

O rio, que hoje é temporário, jorrará constantemente não apenas água doce, mas também os esgotamentos sanitários das cidades que margeiam o Paraíba.

E toda essa vazão tem destino certo: os corais situados ao largo da desembocadura do rio, localizada em Camboinha, Cabedelo.

Será o fim de Areia Vermelha? A agonia de Picãozinho?

Não se trata de pregar o apocalipse marinho, mas ignorar ou deixar de antever o problema não evaporará o agravamento da deterioração dos nossos estoques biológicos marinhos.

Esta é uma onda que só não arrebentará em nossas praias caso a gente responda, agora, aos questionamentos que se avizinham junto com a iminente transposição.

Eis o primeiro deles: que impacto toda essa água doce provocará sobre nossa costa?

Mais: será que os órgãos ambientais estão atentos sobre esta nova circunstância?

Fica o alerta. E o desejo de que a transposição, tão bem vinda aos nossos mais esturricados rincões, não inunde nossa costa de danos ambientais – dilapidando riquezas biológicas que a natureza construiu ao longo de milhões de anos, com muita generosidade e paciência.

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