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Autoestima

Na década de 60, era Pelé. Na de 70, Zico. Anos 80 e 90, Romário e Ronaldinhos. Atualmente, Neymar.

São estes os nomes que viajantes deste País, em incursões no exterior, sempre ouviam (e ouvem) quando se identificam brasileiros.

Pois o Brasil sempre foi – e continua sendo – a pátria do futebol.

Esta é a fama que ronda o mundo e automaticamente aterrissa nos corações da população.

Sendo tão bons de bola, a cada copa a expectativa de vitória – claro – se renova. E não se trata de uma esperança vã. Em todas as bolsas de apostas – aqui e alhures – a seleção brasileira sempre entra nos torneios mundiais como favorita.

Pela primeira vez, porém, estamos indo para uma copa (a nossa, realizada nos gramados nacionais) em que o foco não é o que está dentro do campo. Ou tampouco a conquista de mais um titulo.

Estou exagerando? Pois responda rápido: qual o maior problema do Brasil nesta copa? Vencer o jogo?

Eu sei, você sabe, que passou a não ser.

Para a mídia nacional, o que está em pauta não é o futebol e sim o que está no seu entorno– as obras de infraestrutura inconclusas, os custos dos estádios, os protestos e manifestações. Não se contabiliza sequer a extensão dos danos que estas convulsões sociais podem provocar na imagem do nosso País.

Não vou, claro, deixar de reconhecer que temos falhas. O que critico é o destaque que a mídia brasileira tem dado a esta pauta. Com o claro objetivo – tão certo quanto a escalação de Neymar no ataque da seleção – de impactar o resultado das eleições.

Não estamos nos preparando para dar ao mundo uma copa tranquila. Em curso esta uma mobilização forte, e persistente, de opinião pública – visando incutir, na população, a convicção de que não deveríamos ter feito esta copa.

Esquecem que nos candidatamos como sede do torneio. Mais que isso: disputamos esta oportunidade de mostrar que somos, também como anfitriões, a pátria do futebol.

E que estimular o desastre, inflamar a torcida significa, em última análise, jogar contra o Brasil.

Mas, dos ataques que se pode fazer em um jogo eleitoral, este talvez seja o mais perigoso. Porque acaba colocando em risco um bem imaterial precioso: a autoestima da população.

E uma pátria sem autoestima está fadada a qualquer manipulação. Não sem razão, esta é a estratégia primordial que figura no manual de guerra política montada por parte da mídia nacional.

E que melhor oportunidade esses grupos têm, pela frente, do que a copa?

Eles sabem – e a gente também – que nossa autoestima, enquanto brasileiros,cambaleará se fracassarmos como país do futebol.

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