Cédulas de cigarro
Nos meus dias de criança, houve uma época em que usávamos cédulas de notas de cigarro. E no nosso mundo, aquele dinheiro valia, de verdade! Às vezes, na imaginação; outras, nem tanto.
Os valores eram de acordo com a dificuldade de se achar, de modo que uma carteira de Eldorado valia menos que a do Continental e esta menos que a do Hollywood.
As que valiam mais eram as de Minister e Carlton, na ordem respectiva.
Na época, a Souza Cruz distribuía cigarro entre os funcionários. As carteiras eram diferenciadas com a estrela da Souza Cruz, na parte de trás. Essas valiam o dobro das notas normais.
Um dia, numa busca num monturo que havia por trás da Souza Cruz, encontrei várias carteiras com a estrela. Fiquei rico!…
Às vezes, a fantasia virava realidade e as notas passavam a COMPRAR bens, de verdade: brinquedos, figurinhas…
Uma vez, um pirralho me ofereceu, em troca de uma nota de Minister, o bem maior que tinha. Recusei. Primeiro, porque minha preferência nunca foi aquela; e depois, porque aquele bem, para os padrões da época, custar-lhe-ia a honra.