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Comemorações celebram centenário do economista da PB Celso Furtado

As comemorações do centenário do economista paraibano Celso Furtado começam nesta terça-feira (21), de modo online, devido à pandemia do novo coronavírus, e seguirão até 28 de julho, com apoio da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Confira aqui a programação.

Na programação, haverá sessão de cinema; webinar; sessão solene da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, via Zoom; solenidade presencial restrita na sede do Rotary Club de João Pessoa, com transmissão ao vivo; e palestras.

Segundo o Conselho Regional de Economia da Paraíba (Corecon-PB), as comemorações do centenário já vinham sendo pensadas desde 2018 e culminariam, neste ano, em um grande encontro nacional de economistas na Paraíba.

“Contudo, a pademia da Covid-19 obrigou-nos a todos a adotar as medidas de distanciamento social com impacto na redução das atividades econômicas e impossibilitando a realização de eventos presenciais”, explica o conselho, em publicação na sua página eletrônica.

Nesse contexto, para o Corecon-PB, o único caminho possível foi adaptar a programação ao mundo on-line. “Com essa adaptação, perde-se o contato físico e a mobilidade, mas ganha-se em audiência e projeção dos eventos além fronteiras paraibanas”.

A adaptação da programação contou com a colaboração do Conselho Regional de Economia, presidido pelo economista Celso Mangueira; do Núcleo Multidisciplinar Celso Furtado, do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da UFPB, dirigido pelo professor Walmir Rufino da Silva e do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, presidido pelo economista Francisco Nunes.

Também cooperaram a Revista Nordeste, dirigida pelo multimídia e jornalista Walter Santos; a Assembleia Legislativa da Paraíba, com a convocação de sessão solene específica pela deputada Pollyana Dutra (PSB); e de outros participantes que se encontram ainda em processo de consulta.

ALPB

A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) promoverá uma série de programações bem como uma Sessão Especial em Homenagem ao Centenário do Economista Celso Furtado. A atividade, que iria acontecer na próxima sexta-feira (24), foi adiada para o próximo dia 31 de julho, em virtude do luto oficial na Casa de Epitácio Pessoa devido ao falecimento do vice-presidente da ALPB, Genival Matias. Para saber mais informações, confira o convite do evento!

A propositura é de autoria da deputada Pollyanna Dutra, presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da ALPB e membro do Fórum Celso Furtado de Desenvolvimento da Paraíba, importante órgão que estuda e trabalha em prol do desenvolvimento do estado à luz do pensamento de Celso Furtado. A parlamentar é autora da lei nº 11.505, de 15 de novembro de 2019, que institui 2020 como o “Ano Celso Furtado” na Paraíba, em alusão ao centenário de nascimento do ilustre economista.

O evento promovido pela ALPB em homenagem ao ilustre paraibano contará com a presença de familiares e amigos  de Celso, além de estudiosos da área econômica em âmbito estadual, regional e nacional, que falarão sobre a importância da figura de Celso para o desenvolvimento econômico da Paraíba e do Brasil.

UEPB

O lançamento da trilogia “Celso Furtado a esperança militante”, publicada pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba (EDUEPB) e a Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), será uma celebração dos 100 anos de nascimento de Celso Furtado, no próximo dia 26 de julho, às 15h, dia em que o economista paraibano comemoraria 100 anos de vida.

A atividade reunirá diferentes instituições para celebrar Furtado e sua contribuição para o pensamento econômico brasileiro. São parceiros do evento promovido pela UEPB, a EPC, o Centro Internacional Celso Furtado, a Associação Brasileira de Economistas pela Democracia, a Fundação Perseu Abramo e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

A programação comemorativa conta com palestras, apresentações culturais e lançamentos de livros, entre eles “Desafios”, volume que completa a trilogia “Celso Furtado a esperança militante” e o lançamento da edição especial da revista Cadernos de Desenvolvimento do Centro Celso Furtado, dedicada ao centenário do economista. Entre os convidados estão o reitor da UEPB, Rangel Junior; o governador da Paraíba, João Azevedo; Rosa Freire d’Aguiar, viúva de Celso; além dos economistas Tânia Bacelar e Mariano de Matos Macedo, que debaterão os desafios do planejamento regional e urbano. O evento será transmitido pelo Canal Rede UEPB.

Quem foi Celso Furtado

Celso Monteiro Furtado nasceu a 26 de julho de 1920 em Pombal, no sertão paraibano, filho de Maria Alice Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra, e Maurício de Medeiros Furtado, de família de magistrados.

Após seus estudos secundários no Liceu Paraibano e no Ginásio Pernambucano do Recife, chega ao Rio em 1939, entra para a Faculdade Nacional de Direito e começa a trabalhar como jornalista na Revista da Semana. Em 1943, é aprovado no concurso do DASP para assistente de organização, indo trabalhar no Rio e em Niterói.

No ano seguinte, cursa o CPOR, conclui o curso de Direito e é convocado para a Força Expedicionária Brasileira. Com a patente de aspirante a oficial, segue para a Itália, servindo, na Toscana, como oficial de ligação junto ao V Exército norte-americano, e sofre um acidente em missão durante a ofensiva final dos aliados no Norte da Itália.

Em 1946, ganha o prêmio Franklin D. Roosevelt, do Instituto Brasil-Estados Unidos, com o ensaio “Trajetória da democracia na América”. Viaja para a França, inscreve-se no curso de doutoramento em economia da Universidade de Paris-Sorbonne, e no Instituto de Ciências Políticas. Envia reportagens para a Revista da Semana, Panfleto e Observador econômico e financeiro, entre outras, narrando sua experiência como integrante de uma brigada francesa de reconstrução de uma estrada na Bósnia, e sua participação no Festival da Juventude em Praga.

Em 1948, é feito doutor em economia pela Universidade de Paris, com a tese “L’économie coloniale brésilienne”, dirigida por Maurice Byé, obtendo a menção très bien. De volta ao Brasil, retoma o trabalho no DASP e junta-se ao quadro de economistas da Fundação Getúlio Vargas, trabalhando na revista Conjuntura econômica. Casa-se com Lucia Tosi.

Em 1949, instala-se em Santiago do Chile para integrar a recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão das Nações Unidas que se transformará na única escola de pensamento econômico surgida no Terceiro Mundo. Nasce seu filho Mário.

No ano seguinte, quando o economista argentino Raúl Presbisch assume a secretaria-executiva da CEPAL, é nomeado Diretor da Divisão de Desenvolvimento, e até 1957 cumpre missões em diversos países do continente, como Argentina, México, Venezuela, Equador, Peru e Costa Rica, e visita universidades norte-americanas onde então se inicia o debate sobre os aspectos teóricos do desenvolvimento.

É de 1950 seu primeiro ensaio de análise econômica, “Características gerais da economia brasileira”, publicado na Revista brasileira de economia, da FGV. Em 1952, “Formação de capital e desenvolvimento econômico” é seu primeiro artigo de circulação internacional, traduzido para o International Economic Papers, da Associação Internacional de Economia.

Em 1953, preside no Rio o Grupo Misto CEPAL-BNDE, que elabora um estudo sobre a economia brasileira, com ênfase especial nas técnicas de planejamento. O relatório do Grupo Misto, editado em 1955, será a base do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek.

Em 1954, com um grupo de amigos, cria o Clube de Economistas, que lança a revista Econômica Brasileira. Nasce seu filho André. Em 1956, mora na Cidade do México, em missão da CEPAL. Passa o ano letivo de 1957-58 no King’s College da Universidade de Cambridge, Inglaterra, a convite do professor Nicholas Kaldor. Aí escreve a Formação econômica do Brasil, que será seu livro mais difundido.

De volta ao Brasil, desliga-se definitivamente da CEPAL e assume uma diretoria do BNDE. É nomeado, pelo presidente Kubitschek, interventor no Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste. Elabora para o governo federal o estudo “Uma política de desenvolvimento para o Nordeste”, origem da criação, em 1959, da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), com sede no Recife.

Em 1961, como seu superintendente, encontra-se em Washington com o presidente John Kennedy, cujo governo decide apoiar um programa de cooperação com o órgão, e, semanas depois, com o ministro Ernesto Che Guevara, chefe da delegação cubana à conferência de Punta del Este, para discutir o programa da Aliança para o Progresso.

Em 1962 é nomeado, no regime parlamentar, o primeiro titular do Ministério do Planejamento, quando elabora o Plano Trienal apresentado ao país pelo presidente João Goulart por ocasião do plebiscito visando a confirmar o parlamentarismo ou a restabelecer o presidencialismo. No ano seguinte deixa o Ministério do Planejamento e retorna à Superintendência da SUDENE, quando concebe e implanta a política de incentivos fiscais para os investimentos na região.

O Ato Institucional nº 1, publicado três dias depois do golpe militar de 31 de março de 1964, cassa os seus direitos políticos por dez anos. Têm início seus anos de exílio. Ainda em abril, aceita um convite para dar seminários em Santiago do Chile. Meses depois, em New Haven, Estados Unidos, será pesquisador graduado do Instituto de Estudos do Desenvolvimento da Universidade de Yale. Faz conferências em diversas universidades norte-americanas e participa de vários congressos sobre a problemática do Terceiro Mundo.

Em 1965, muda-se para a França, a convite da Faculdade de Direito e Ciências Econômicas da Universidade de Paris, e assume a cátedra de professor de Desenvolvimento Econômico. É o primeiro estrangeiro nomeado para uma universidade francesa, por decreto presidencial do general de Gaulle. Permanecerá nos quadros da Sorbonne por vinte anos.

Em junho de 1968 vem ao Brasil pela primeira vez após sua cassação, a convite da Câmara dos Deputados. No correr do decênio de 1970, faz diversas viagens a países da África, Ásia e América Latina, em missão de agências das Nações Unidas. No mesmo decênio, é professor-visitante da American University, em Washington, da Columbia University, em Nova York, da Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de Cambridge, onde é o primeiro ocupante da cátedra Simon Bolívar e é feito Fellow do King’s College.

Entre 1978-81, integra o Conselho Acadêmico da recém-criada Universidade das Nações Unidas, em Tóquio. No mesmo período, recebe um mandato do Commitee for Developement Planning, da ONU. Entre 1982-85, como diretor de pesquisas da Ecole des Hautes Études en Sciences Sociales, dirige em Paris seminários sobre a economia brasileira e internacional.

A partir de 1979, quando é votada a Lei da Anistia, retorna com frequência ao Brasil, reinsere-se na vida política e é eleito membro do Diretório Nacional do PMDB. Casa-se com a jornalista Rosa Freire d’Aguiar. Em janeiro de 1985 é convidado pelo recém-eleito presidente Tancredo Neves para participar da Comissão do Plano de Ação do Governo.

É nomeado embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia, em Bruxelas, assumindo o posto em setembro. Integra a Comissão de Estudos Constitucionais, presidida por Afonso Arinos, para elaborar um projeto de nova Constituição. Em março de 1986 é nomeado ministro da Cultura do governo do presidente José Sarney; sob sua iniciativa, é aprovada a primeira lei de incentivos fiscais à cultura. Em julho de 1988 pede demissão do cargo, retornando às atividades acadêmicas no Brasil e no exterior.

De 1987-90 integra a South Commission, criada e presidida pelo presidente Julius Nyerere, e formada por países do Terceiro Mundo para formular uma política para o Sul. Entre 1993-95 é um dos 12 membros da Comissão Mundial para a Cultura e o Desenvolvimento, da ONU/UNESCO, presidida por Javier Pérez de Cuéllar.

Entre 1996-98 integra a Comissão Internacional de Bioética da UNESCO. Em 1997 é organizado em Paris, pela Maison des Sciences de l’Homme e a UNESCO, o congresso internacional “A contribuição de Celso Furtado para os estudos do desenvolvimento”, reunindo especialistas do Brasil, Estados Unidos, França, Itália, México, Polônia e Suíça.

No mesmo ano é criado pela Academia de Ciências do Terceiro Mundo, com sede em Trieste (Itália), o Prêmio Internacional Celso Furtado, conferido a cada dois anos ao melhor trabalho de um cientista do Terceiro Mundo no campo da economia política. É Doutor Honoris Causa das universidades Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas-UNICAMP, Federal de Brasília, Federal do Rio Grande do Sul, Federal da Paraíba e da Université Pierre Mendès-France, de Grenoble, França.

Em agosto de 1997 é eleito para a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras. Empossado em 31 de outubro, é saudado pelo Acadêmico Eduardo Portella.

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