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Josival Pereira

Os números das últimas pesquisas nacionais de avaliação das principais lideranças são curiosos e, em alguns quadros, interessantemente contraditórios.

O levantamento mais recente é do Datafolha. Nos quesitos assemelhados, não existe divergências com outros institutos, mas a pesquisa do jornal paulista é mais ampla.

Atente-se para o samba dos números.

Para 56% dos brasileiros, o presidente Jair Bolsonaro é incapaz de liderar o país. Contudo, 50% se manifestam contra o Congresso abrir impeachment e 50% não querem a renúncia do presidente.

Em relação a Bolsonaro, 54% acham sua atuação na gestão da crise da Covid-19 ruim, mas, mesmo diante do caos hospitalar e do tenebroso número de mortos no país, 46% ainda avaliam a gestão da crise como ótima, boa ou regular.

A pesquisa revela que 65% dos brasileiros dizem que a situação econômica vai piorar, quase 80% afirmam que o desemprego vai aumentar e 77% acham que a inflação vai subir, mas 42%, número capaz de o eleger novamente, consideram Bolsonaro capaz de liderar o país. Essa é também a opinião de 70% dos empresários, mesmo com a crise.

Do outro lado, o ex-presidente Lula já aparece liderando alguns cenários de intenções de voto, mas 57% dos brasileiros veem como justa sua condenação no caso do triplex do Guarujá e 51% não o querem como candidato a presidente da República.

A decisão do ministro Edson Fachin que anulou as condenações de Lula é considerada errada para 51% dos brasileiros.

Sobre o ex-juiz Sérgio Moro, 45% ainda aprovam sua condução nos processos da Lava Jato (já foi 65%) e 27% reprovam (era 13%).

O que explicaria números tão díspares?

No caso de Bolsonaro, a resiliência parece advir do permanente discurso que faz diretamente à sua base político-ideológica, ao antipetismo e ainda ao temor de mudança abrupta.

Em relação a Lula, existe efetivamente um elevado desgaste de imagem. No outro lado, a liderança nas intenções de voto parece advir dos erros da gestão Bolsonaro e da rejeição que se forma ao presidente.

No geral, as contradições entre apoio e rejeição a Bolsonaro e a Lula, além da resistência de Moro ao massacre que tem sofrido, parecem indicar que existe um respeitável contingente de brasileiros em busca de outro projeto e de outro líder.

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