As incertezas políticas que permeiam o cenário nacional como o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o processo de cassação que o presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) enfrenta no Conselho de Ética e as últimas revelações da Operação Lava Jato fizeram com que os partidos políticos adiassem ao máximo as decisões sobre aliança para as eleições municipais de outubro.
Por conta desses últimos acontecimentos, as direções de partidos políticos paraibanos chegaram a desmarcar reuniões e adiar decisões sobre pré-candidaturas e apoios. Foi o que aconteceu com o PTB que adiou reunião com os pré-candidatos a vereador, que seria ontem, para a próxima segunda-feira. O adiamento aconteceu devido a não presença do deputado federal Wilson Filho que teve agenda na Câmara dos Deputados como líder da bancada.
O presidente estadual do PPS e vice-prefeito de João Pessoa, Nonato Bandeira, disse que as definições sobre as alianças políticas para as chapas majoritária e proporcional para as eleições deste ano só serão definidas depois do 02 de abril (data limite para filiações de interessados em disputar mandato).
Para Bandeira, as discussões da política no cenário nacional abafaram as articulações da política local. “Vamos esperar mais um pouco para tomar um posicionamento. O momento ainda é de avaliação. Na próxima semana poderemos ter novidades, mas está tudo muito incerto ainda, pois a política está resumida ao Brasil, ao que está acontecendo no cenário nacional”, reforçou o presidente do PPS.
Questionado se iria aproveitar o feriado da Semana Santa para tratar de política, como muitos agentes fazem, Nonato foi sucinto: “Vou refletir”. Ele informou que vai aproveitar o clima frio do município de Bananeiras, onde passará o feriado, para descansar um pouco. “Volto no domingo e ao longo da semana poderemos ter novidades”, afirmou.
As definições partidárias também foram adiadas no PSDB. Segundo o presidente estadual Ruy Carneiro, o partido só tomará alguma decisão sobre a eleição municipal de outubro quando houver estabilidade na política nacional. Segundo ele, na atualidade, a política local “não existe”.
Os tucanos decidiram que não terão candidatura própria em João Pessoa e estão divididos entre apoiar o projeto de reeleição do prefeito Luciano Cartaxo (PSD) ou a pré-candidatura do deputado Manoel Junior (PMDB).
“Todos os partidos estão engessados. Não podemos definir nada nesse momento, pois não sabemos o que acontecerá amanhã, pois vivemos um momento de instabilidade muito grande no que diz respeito à política nacional e isso respinga nos estados e municípios”, afirmou Ruy Carneiro.
Os três vereadores do PSDB em João Pessoa, Eliza Virginia, Luís Flávio e Marcos Vinicius (atual secretário de Comunicação) defendem a aliança com o PSD de Luciano Cartaxo, inclusive com a indicação do candidato a vice. Já a cúpula do ninho tucano: senador Cássio Cunha Lima, o ex-senador Cícero Lucena e os presidentes estadual e municipal da legenda, Ruy Carneiro e Lauremília Lucena, respectivamente, demonstram simpatia pela aliança com o PMDB.
“Temos até as convenções para tomar essa decisão (agosto). É possível que tomemos uma decisão antes, mas o momento é de aguardar o desenrolar das questões que envolvem a política nacional”, afirmou Ruy Carneiro.