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FCJA debate artesanato, literatura de cordel e tradição oral

A sabedoria popular foi o tema desta semana no evento virtual História Cultural da Paraíba – Diálogos Presentes, promovido pela Fundação Casa de José Américo (FCJA). Manifestada em artes diversas, como folhetos de cordel, emboladas, repentes, xilogravura, cerâmica, couro, renda, madeira e tecido, entre outros, essa “ciência” foi discutida em painéis realizados pelos convidados Marielza Rodriguez, Ângelo Rafael, Nelson de Araújo e Karin Picado, mediados pela professora Lúcia Guerra. O evento virtual ocorre no canal oficial da FCJA no YouTube, sempre a partir das 9h30, até o dia 16 de julho.

Na terça (30), o painel sobre o artesanato paraibano abordou a história dessa técnica artística desde a colonização, com o encontro entre as peças indígenas e os saberes trazidos pelos colonizadores e pelos povos escravizados, até a industrialização, o estudo acadêmico e os investimentos governamentais nesse setor.

“Hoje, vivemos a reinvenção do artesanato, com a chegada do artesão hightech. Mas o trabalho continua sendo feito de forma totalmente manual, sem hierarquia nesse processo”, observou o artista plástico Ângelo Rafael, designer de artefatos de couro com vasta experiência em projetos realizados no Brasil e na Itália e atual consultor do Museu dos Três Pandeiros, em Campina Grande.

A segunda painelista, Marielza Rodriguez, gestora do Programa do Artesanato Paraibano (PAP), trabalha o artesanato com foco em empreendedorismo e mercado. Para ela, a parceria com designers conhecidos (como a que houve entre as rendeiras do Cariri e o estilista Ronaldo Fraga, por exemplo) traz uma visão de mercado importante para o setor – desde que se conserve a essência do artesanato.

“Na Paraíba, temos uma diversidade de tipologias muito grande, que nos dá a possibilidade de realizar dois salões de artesanato por ano, e essa riqueza tem de ser comercializada. O artesão vive do seu produto, precisa de apoio para se profissionalizar”, disse.

“Causos” e tradições

O segundo painel da semana aconteceu nesta quinta (2), com participações do professor, escritor, contador de histórias e repentista Nelson de Araújo e da ilustradora e designer gráfico Karin Picado. O professor deu uma aula sobre literatura de cordel e tradição oral na cultura nordestina – especificamente, na Paraíba – e provou, para quem ainda tinha dúvidas, que o Nordeste brasileiro é um celeiro infinito de sábios artífices da palavra.

“O nosso folheto de cordel é uma literatura riquíssima, sofistica, de alta qualidade e com uma raiz profunda. Foi, durante muito tempo, o meio pelo qual as pessoas se atualizavam, aprendiam e se divertiam”, ressaltou, entre tópicos acadêmicos e contação de “causos”, para a alegria do público no chat online.

Na sua fala, a designer Karin Picado fez um apanhado histórico da cultura popular na FCJA e explanou sobre as três formas de apoio promovidas por essa instituição: preservação, pesquisa e difusão. Como gerente operacional do Centro de Cordel e Culturas Populares (CCCP), atualmente em processo de implantação na Fundação, ela discorreu sobre o seu acervo e a sua formação de coleções da cultura popular paraibana, a partir de 1991, e sobre os eventos realizados, as doações recebidas de colecionadores particulares e os núcleos de estudos que foram sendo formados para debater e pesquisar o tema. “O CCCP vem para integrar os elementos representativos da nossa cultura popular, salvaguardar a sua memória e fortalecer a sua identidade”, disse.

Todos os painéis do evento virtual História Cultural da Paraíba – Diálogos Presentes estão à disposição no canal da FCJA no YouTube desde a primeira semana, para quem não viu ou pretende rever as discussões anteriores.

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