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Felicidade

Sou e sempre fui muito feliz.

Um verdadeiro afortunado da sorte (e faço questão da redundância), trilhando uma vida plena, que me satisfaz nos grandes e pequenos detalhes.

Infelizmente, não existe receita. Se tivesse, engarrafaria.

A vida tem me ensinado, porém, que cada um tem (ou procura ter) seu modo particular de encontrar a felicidade. Sem projeções de terceiros. Nem tampouco sugestões.

Aos que ainda não a encontraram, afianço uma certeza: ela existe.

E é tão palpável que, por vezes, me flagro pensando porque tantas pessoas parecem ter tanta dificuldade de reconhecê-la.

Eu a vejo todos os dias: ao abrir a janela e contemplar o nascer do sol, no sorriso de meus netos, num dia de calor no mar, numa animada roda de conversa com os amigos.

Agradeço diuturnamente a Deus a dádiva de enxergá-la. E também me congratulo pela façanha, pois (reconheço) tenho colaborado um bocado para que ela esteja sempre visível.

Ainda que meus modelos não voguem para terceiros, ouso dizer que a felicidade é, sobretudo, comportamental.

É a capacidade de se sentir bem de todas as formas e nas mais diversas situações.
Até mesmo nas brigas que a vida nos oferece.

E eu brigo um bocado…

Dizem as “más” línguas da família que sou encrenqueiro desde criança. E sou mesmo! Está no meu DNA materno e paterno. Não tem como negar. Nem quero.

Mas consigo extrair boas coisas até mesmo das grandes contendas. Ouso dizer até que, não raro, me divirto com elas.

Assim eu sou. Assim forjo genuinamente este homem feliz.

Uma criatura que dá grande peso às coisas corriqueiras e simples, pois me sinto melhor com o cotidiano do que com as aventuras.

Não, não me sinto medíocre pelo apego ao mais do mesmo! Até porque, ainda que relutantemente, acabo sempre dando uma chance ao novo.

Já se tornaram históricas, na família, as discussões iniciais que entabulo com Sandra, minha mulher, sempre que ela me sugere um roteiro inédito de viagem.

Meu primeiro impulso é sempre dizer não. Até elaboro um Everest de justificativas. Para, ato contínuo, me flagrar escalando as novidades que ela me apresenta – e me encantando com as descobertas no meio do caminho.

Não sou – repito – um medíocre. Aceito mudanças. Flexibilizo conceitos.

A longevidade, porém, me presenteou com uma convicção:

Cada cabeça é um universo único. Não aceito, portanto, invasões bem intencionadas no meu mundo, com catequeses sobre como potencializar meu modo de ser feliz.

Porque tudo é relativo. Inclusive o dom das coisas e situações capazes de nos fazer realmente felizes.

Quanta felicidade, por exemplo, pode trazer uma viagem a Paris para apreciar a luxuriante culinária francesa em seus melhores restaurantes?

Essa aventura ganharia cinco estrelas no guia Michelin da vida? Para muitos, creio que sim.

Mas, cá pra nós, acho que a apetência para a felicidade se manifesta mais plena naqueles que não gostariam de estar em nenhum lugar do mundo além de um alpendre de uma casa grande, vendo a chuvarada fazer os duros correrem, embalados pela trovoada.

Sempre haverei de preferir o alpendre a um Plaza Athénée.

Até porque, quem me conhece sabe:

Sou ainda mais feliz quando o custo dessa felicidade é zero!

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