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Futebol feminino: clubes cedem escudo, mas apoio ? garantido pelo Poder P?blico

O time de futebol feminino da Marinha do Brasil já usou a camisa do Vasco, do Botafogo e, hoje, defende o título pelo Flamengo. Em menos de cinco anos, foram três clubes. Não é só a equipe das Forças Armadas que recorre aos times vinculados às federações para viabilizar a disputa em campeonatos locais ou nacionais.

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Duas equipes paulistas – São José e Ferroviária –, que também irão disputar o Brasileiro Feminino, carregam o escudo dos clubes, mas, na prática, só recebem o apoio financeiro da prefeitura e de patrocinadores. Embora não utilizem a mesma infraestrutura disponível para os homens e não recebam recursos, as mulheres herdam a apaixonada torcida dos clubes tradicionais.

Os bons resultados das equipes têm contribuído para reforçar o apoio às mulheres. É assim no São José.

Na Ferroviária, como o time da cidade de Araraquara, no interior paulista, é chamado, a falta de recursos também é a justificativa para não manter um departamento feminino.

“A situação é a mesma de vários clubes. É a prefeitura que cuida do futebol feminino, a Ferroviária só empresta o nome e o escudo”, explicou Felipe Blanco, gestor de marketing. Ele explicou que prefeitura já mantinha o time e o clube entrou como parceiro para permitir a disputa em torneios de federação, como o Paulista e o Brasileiro. Neste ano, o masculino da Ferroviária subiu para a elite do futebol paulista e, caso se saia bem, poderá disputar o Brasileiro.

O treinador da Ferroviária, Leonardo Mendes, destaca que o apoio da prefeitura de Araraquara é fundamental para manter o time. “A Ferroviária não entra com nada, exceto algumas viagens em que eles emprestam o ônibus da equipe masculina”, apontou. A ajuda de custo das atletas é pago pelo governo municipal durante 11 meses do ano, variando de R$ 150 a R$ 1.200. Para ele, o escudo da Ferroviária é importante para o time feminino. “Mesmo não tendo ajuda financeira, o nome tem peso grande, pois aqui na região tem nome muito forte dentro do masculino, até mesmo no estado. Muita gente vai assistir aos jogos devido à ligação com o clube”, avalia.

Desde a fundação, em 2009, o time da Marinha faz parcerias com clubes para disputar campeonatos de federação. “O objetivo é manter as atletas militares disputando campeonatos civis para manter bom ritmo de treinamento. Atualmente, esse sistema de parceria possibilita disputar as duas maiores competições de nível nacional da modalidade: a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro”, explicou, em nota, a área de desporto da instituição. Este ano, a equipe, formada por 27 atletas com graduação de sargento e 12 civis, disputará os Jogos Mundiais Militares, na Coreia do Sul. O contrato com o Flamengo terá duração de um ano.

Pela parceria, o Flamengo assume os compromissos com a federação e fornece os materiais com a marca do clube, como as camisas. A Marinha fica responsável pelos custos com a atletas, como salários, saúde, fisioterapia, local de treinamento e alimentação. Na avaliação da Marinha, o tempo de parceria com o clube é suficiente para avaliar o trabalho e decidir pela renovação. Procurado pela reportagem, o Clube de Regatas do Flamengo, nome oficial do clube, não respondeu aos questionamentos.

Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista na temática mulher e esporte, Silvana Goellner avalia que este é um “ponto nevrálgico na questão do futebol de mulheres no Brasil”. Ela aponta que são raros os clubes que mantêm o departamento feminino por muitos anos. “Veja o exemplo do São Paulo que acabou de anunciar que vai encerrar a equipe, apesar de ter disputado a final do Campeonato Paulista”, lamentou. O São Paulo perdeu por 6 a 1, no último domingo (6), a final do Campeonato Paulista Feminino para o time do São José.

O São Paulo confirmou o encerramento da equipe por razões financeiras, tendo em vista que o patrocinador não repassou, nos últimos quatro meses, os valores devidos. O time disputaria o Brasileiro.

A Medida Provisória (MP) do Futebol, que prevê a responsabilidade fiscal e financeira dos clubes de futebol e detalha regras para parcelamento de dívidas, contemplou o futebol feminino como uma das contrapartidas. A professora avalia, entretanto, que há grande resistência dos clubes em efetivar a medida.

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