Moeda: Clima: Marés:
Início Geral

Manipulação

 

1

Via chat, silenciosa e atrevidamente, grupos (apropriadamente autodenominados de “cartel”, “máfia” e “clube dos bandidos”) podem ter manipulado – por anos a fio – taxas de câmbio do dólar e de mais um pool de moedas estrangeiras, entre as quais o Real.

Juntos, maquinaram sobre um mercado que movimenta, diariamente, US$ 5,3 trilhões.

A denúncia, que já está sendo investigada no exterior e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica do Brasil, converge com uma suspeita que sempre me assaltou:

As valorizações e desvalorizações diárias do câmbio são mesmo desmotivadas?

Não sou (e aviso de antemão) um especialista. Mas sou atento – até porque, ao longo de toda a minha vida, nunca pude prescindir de comprar dólar. Seja para uma viagem, para pagamento de cartões de crédito ou compras de insumos no exterior.

Entendo que os fluxos e refluxos do câmbio são parte dos mecanismos do sistema de flutuação.

Entendo, ainda, que esta variação segue uma lógica que não está circunscrita aos critérios elementares da lei da oferta e da procura, refletindo fatores externos e internos.

É perfeitamente compreensível, por exemplo, que a taxa de câmbio sofra sopapos quando a bolsa da China despenca. Ou que o mercado reaja aos anúncios de altas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano.

Ainda é perfeitamente compreensível que o dólar esteja alto num Brasil em crise de credibilidade econômica e política.

Mas não há lógica na continuidade da flutuação agressiva do câmbio mesmo em tempos de calmaria (pelo menos não fora desse esquemão em investigação).

Essa variação diária imotivada denuncia a manobra que beneficia os especuladores. Gente com apetite tão voraz que nem perscruta a “meteorologia” financeira – independente do cenário (seja na tempestade ou na bonança), não tem perigo deles não interferirem.

E interferem. Dia após dia, pregão após pregão, desafiando nossa capacidade de acreditar na confiabilidade do sistema. E a idoneidade dos que o operam.

Experimente, por exemplo, tentar comprar dólares em momentos de depreciação. A moeda some de nossas casas de câmbio. E só ressurgem quando a moeda americana volta a subir.

Estes movimentos pedem a abertura da caixa preta cambial.

Pois o que está posto é muito mais grave do que supõe minha vã filosofia mercadológica.

O clube dos bandidos usufrui sobre a permissividade do câmbio flutuante, manipula o mercado e impõe prejuízo incalculável sobre as economias de praticamente todos os países do mundo.

Incluindo, nessa rota criminosa, o Brasil. E atingindo, por tabela, todos os brasileiros – do macro ao micro; das grandes empresas exportadoras até o cidadão que, neste momento, numa padaria, compra seu pão, amassado com as mãos perversas desses manipuladores.

 

Palavras Chave

Portal Correio
publicidade
© Copyright 2024. Portal Correio. Todos os direitos reservados.