Nesta quarta-feira (17), é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma) e também exige atenção para a saúde do coração. Conforme o cardiologista e pesquisador Valério Vasconcelos, as doenças cardiovasculares nos pacientes com câncer de próstata são cada vez mais frequentes e representam a causa de morte não-oncológica mais comum nesse público.
Valério diz que, ao longo do tempo, o paradigma em relação ao prognóstico do paciente oncológico mudou, pois houve avanços na terapêutica oncológica, com consequente aumento da sobrevida dos indivíduos. Assim, atualmente, o paciente com câncer é visto como um portador de uma doença crônica, com possibilidade de maior qualidade de vida, mas que também pode apresentar descompensações agudas durante sua evolução, a exemplo de manifestações cardiovasculares.
“Nas últimas décadas, os progressos no tratamento oncológico resultaram também na maior exposição dos pacientes a fatores de risco cardiovasculares bem como à radioterapia, à quimioterapia e à imunoterapia com potencial de cardiotoxicidade”, diz Valério Vasconcelos. “Inclusive, estudos clínicos têm mostrado maior risco de complicações cardiovasculares, como infarto, ao longo do tratamento do câncer de próstata”, acrescenta.
Estima-se que cerca de 30% dos pacientes com câncer de próstata tenham doenças cardiovasculares associadas, e a maioria também apresenta múltiplos fatores de risco cardíaco. Além disso, o tratamento anti-hormonal contra o câncer de próstata pode potencializar fatores de risco pré-existentes e até mesmo induzir a ocorrência da síndrome metabólica e de doenças cardiovasculares.
“Considerando os efeitos da terapia anti-hormonal no sistema cardiovascular, se faz necessário um acompanhamento com um cardiologista desde o início do diagnóstico do câncer para que se possa estabelecer metas de prevenção cardiovascular, além de realizar diagnóstico precoce e instituir terapias adequadas na presença de complicações”, orienta o cardiologista Valério Vasconcelos.
Ele ressalta que indivíduos com câncer de próstata precisam de avaliação e acompanhamento de um cardiologista desde o início do tratamento. “Tal especialista irá atuar na prevenção, no diagnóstico adequado e no tratamento das doenças cardiovasculares. O trabalho em conjunto do oncologista e do cardiologista corrobora para o aumento da sobrevida e da qualidade de vida dos pacientes oncológicos”, pontua.