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Pós-pandemia: espaços públicos são tema central de arquitetos e urbanistas

Conteúdo patrocinado. Os espaços públicos e verdes trazem diversos benefícios à população, como a melhora na qualidade do ar e no microclima. E, por exemplo, tê-los igualitariamente distribuídos nas cidades é um fator de democratização do acesso ao lazer – vital para a nossa saúde. Mas com a Covid-19 essas áreas perderão importância nas sociedades?

Neste 15 de dezembro, Dia Nacional do Arquiteto e Urbanista, a reflexão sobre os espaços públicos é central com a pandemia. O Prof. Dr. Rodrigo Costa do Nascimento, de Arquitetura e Urbanismo do Unipê e profissional da área, acredita que mesmo com a crise sanitária esses lugares não morrerão ou perderão importância, seja pelo trabalho ou encontros remotos, seja nas áreas privativas de lazer, onde potencialmente há controles sobre horários de uso e quantidade de pessoas, dando a sensação de estar longe de aglomerações.

“Essa ideia, de certa forma, colaborou para que emergisse um pensamento inicial do possível desuso e, em posições mais radicais, até o desaparecimento dos espaços público. Assim, observo que, por mais que haja uma pandemia em curso, há também a possibilidade, orientada pela privação de aglomeração social, de pensar sobre o papel que os espaços públicos têm na qualidade de vida urbana”, considera.

Para os arquitetos e urbanistas, o desafio será a intervenção para garantir o distanciamento entre as pessoas em lugares que por excelência são destinados à agregação. “É preciso incorporar lógicas e diretrizes projetuais diferentes, antes pouco praticadas em intervenções, e que dizem respeito à manutenção de saúde pública e que ao menos indiquem possibilidades de circulação que garantam o distanciamento social mínimo”, afirma.

Consciência coletiva

A pandemia trouxe uma tomada de consciência coletiva sobre a importância dessas áreas. Embora já existisse antes da crise, essa consciência estava “eclipsada” pela urbanização contemporânea que, por questões de segurança ou conservação, não via esses lugares como “atrativos”.

Exemplos são a abertura de vias para tráfego de veículos, o aumento de empresariais e shoppings, com comércios e serviços em um único prédio com dimensões exageradas, e os condomínios fechados com suas áreas de lazer (alguns simulam espaços públicos tradicionais), distantes da cidade real.

A cidade que queremos e como ela é concebida são o que a faz ter mais ou menos animação urbana. Os exemplos citados podem impactar na relação entre espaços abertos públicos, privados e pessoas. “Ao fazer parte do sistema de barreiras e permeabilidades das cidades, eles modificam o comportamento humano no ambiente urbano”, explica.

Há mais espaços para carros do que para pessoas? Os passeios têm infraestrutura adequada? As indagações despertam na população a tomada de consciência, agora reacendida pela pandemia. “A vida nas cidades acontece nos espaços públicos e quando as pessoas são privadas dela há um processo de revalorização”, pontua.

Mas basta ver como as pessoas retomaram áreas públicas com as flexibilizações para entender a importância delas. Porém, o desafio das pessoas agora seria ceder algumas práticas feitas nesses lugares, num exercício de empatia ao próximo. “Nem todos estão dispostos a suprimir seus hábitos regulares para proteger outras pessoas e a si mesmos. Esse é o principal aprendizado desse período de pandemia. E esse aprendizado parece estar conectado com a principal função desses espaços: garantir qualidade de vida urbana para todos”, conclui.

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