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Preocupação

Sou 100% nordestino. E não subtraio um percentual sequer desta conta porque nela está contida toda a minha vida – família, trabalho, sentimentos.

Vivo economicamente apenas dessa região.

Torço. Luto.

Invisto tudo o que tenho e o que sou neste espaço geográfico, econômico, biológico e afetivo.

Mulher, filhos e netos dependem do Nordeste.

Não sem razão, portanto, recebo com extremada preocupação análise – recém-concluída –sinalizando que a crise em curso no País provoca (e continuará provocando por mais tempo) impacto pesado sobre nossa região. E especialmente sobre a Paraíba.

Todos os nossos indicadores mostram o estrago tremendo que a recessão tem causado ao Nordeste – com recuos acima da média nacional em setores estratégicos como indústria, serviços e comércio.

As nossas atividades econômicas encolheram nos últimos 12 meses 5,3%, quando a retração média no País oscila na casa dos 3,5%.

O mercado de trabalho foi duramente atingido: embora represente 13,5% da economia nacional, a região responde por 17,7 % das vagas eliminadas até março no País.

A nova fronteira do desenvolvimento nacional, que respondeu tão bem aos investimentos feitos pela União na última década, parece estar caindo do pedestal. E se estatelando em uma dura realidade.

Uma das explicações possíveis para entender porque a crise que campeia alhures é ainda mais destrutiva nas bandas de cá é a existência de estoque maior de pobreza na região.

Pois é entre os mais pobres que a conjunção do desemprego, mais defasagem salarial e de benefícios, além do arrocho do crédito, torna a inflação ainda mais corrosiva.

O efeito cascata é difícil de ser contido.

O volume de vendas do comércio varejista registrado nos últimos doze meses na região encolheu de forma assustadora – chegando, na Paraíba, a recuo superior a 10%.

Os números se materializam na proliferação de placas de “aluga-se” e “fechamos”, visíveis nos nossos corredores comerciais.

Trocando em miúdos e resumindo este enredo, os indicadores mostram que afundamos mais e vamos sair por último da crise.

Embora o cenário adverso nos penalize tanto, é justo aqui – no fundo do poço – que se costuma enxergar a luz no fim do túnel.

A crise pode – e deve – ser motor de uma guinada.

Precisamos resistir.

E buscar, com mais força e energia, nossa autossuficiência econômica, estancando a mendicância pelos fundos constitucionais e a servidão por obras de infraestrutura.

Andando com as próprias pernas, movido pela resistência nata do nosso povo, o Nordeste tem diante de seu horizonte uma missão (muito) possível:

Mostrar ao Brasil a extensão da força nordestina.

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