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Receita

Entre as muitas bençãos que a vida me presenteou, uma merece de forma especial minha reflexão: a boa sorte com o perfil profissional dos meus filhos.

Obviamente, ficaria muito constrangido de elencar – aqui e agora – todos os predicados deles. Mas quem os conhecem pode, com suas próprias avaliações, atestar minha boa ventura.

Em todos eles, um traço se destaca – aquele que marca a pluralidade da família e “grita” em nosso DNA: o prazer nato pelos negócios!

E esta aptidão que não se enfada; essa vocação que resiste às provações; essa apetência que se renova a cada dia está permanentemente lá – da primogênita à temporã.

Será que foi inoculado? Trata-se de um atavismo? Ou está mesmo no código genético dos Cavalcanti Ribeiro?

Tenho certeza que uma montanha de fatores forjaram seus perfis. Mas ouso apostar que nessa escalada uma razão prepondera: minhas atitudes comportamentais.

Como qualquer cidadão, coleciono vitórias e dissabores.

De fato, já passei por quase tudo ao longo dessas quase sete décadas de vida. E experimentei todos os tipos de apreensões: financeiras, de saúde e até sentimentais.

Mas qualquer que tenha sido a circunstância histórica dos meus problemas, nunca os levei para casa – e os que acompanham minha jornada certamente darão testemunho de que esta é a expressão da verdade (a minha verdade).

Dentro do meu lar não há lamentações por insucessos; não há ataques de raiva ou frustrações; não há mau humor pela conta não paga ou pelo crédito não recebido.

Deixo os problemas do lado de fora da porta porque é dentro de casa que reforçamos os laços amorosos com a família. E experimentamos (ainda que momentaneamente) a tal felicidade.

E, afinal, não é esse o objetivo maior de tudo? Todo o trabalho, todas as batalhas, tudo o que se faz do berço ao túmulo não é exatamente para ser feliz ao lado dos que se ama?

Essa consciência – do que é realmente importante – me fez erguer na minha casa uma fortaleza sentimental. Intransponível aos problemas da rua.

O que não posso resolver na rua, não levo para lá.

Pois entendo que a nossa casa merece o nosso melhor. Ou você levaria comida estragada para sua mesa? Ou um vírus para a cama de seus filhos?

Extravasar os problemas dentro da casa é permitir que esta contaminação aconteça – criando tensões que geram casamentos conturbados e filhos psicologicamente abalados.

Quando blindo minha casa dos problemas não significa dizer que opto pela omissão, deixando a família inocente sobre o que se passa além da porta. A transparência; o compartilhamento da realidade, a consulta e o diálogo são mais do que bem vindos. O que não pode entrar junto é o mau humor. É a raiva. A frustração. O destempero.

Eis minha receita de vida. E, acredite, ela é saborosa na medida certa. Rende, inclusive, filhos destemidos, cientes de que – independente das dificuldades que a rua lhes apresentar – o mais importante está garantido.

E tudo o que é importante, de verdade, está dentro do lar.

E é por isso que, a todo instante, e em qualquer tempo, nutro o desejo de estar em casa – quer seja na volta das atividades do dia a dia; quer seja no desembarque de missões de trabalho; quer seja no regresso da mais divertida das viagens de lazer.

O que gosto mesmo é de voltar para casa.

A sua casa é um lugar bom para voltar?

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