Basta um olhar sobre sua composição para compreender quantos desafios ainda pairam no caminho da Assembleia Legislativa, apesar dos nítidos avanços e da visível abertura para a sociedade ao longo de uma extensa contribuição histórica ao resultado do que somos, bem ou mal, enquanto Estado.
A Assembleia chega ao 180º aniversário com características ainda predominantemente conservadoras, no geral. Salvo raras exceções, a imagem do plenário reunido é a síntese de nossa política paraibana, marcada pelo domínio da herança familiar e do poder econômico.
São poucos, pouquíssimos parlamentares que não se enquadram nesse perfil ou não são fruto da emblemática tradição oligárquica. Outras vagas são asseguradas pelo assistencialismo, tão forte na política do Interior e nas periferias de nossas grandes cidades, ou pela força de estruturas de poder aliadas, como prefeituras e Governo.
Pra não dizer que não falei de flores, há sim quadros diferenciados do figurino reinante. Gente que precisou vencer na vida pelo próprio braço, esforço, talento, entrega e vocação para a vida pública. Há também vozes que se fizeram pela luta e superação nos movimentos sociais. Essas fazem a diferença na agitação dos grandes temas e causas na pauta do dia-dia dos paraibanos.
O diagnóstico, porém, não deve ser debitado somente na conta dos que lá estão. Eles, também, cada um do seu jeito, são representantes de extratos sociais que merecem participação nos debates. Lideranças ligadas a setores produtivos, empresariais e segmentos igualmente importantes para o desenvolvimento do Estado.
O que lá está é reflexo da nossa consciência política. Se há queixas e constatação das limitações dessa representação, faz-se necessária também uma autocrítica do eleitor e dos critérios que imperam na hora do voto. No geral, a Casa registra importantes e notáveis avanços nos quesitos transparência e participação, mas, no auge desses 180 anos, precisa ainda se renovar: não só em nomes, mas em mentalidade.