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Responsabilidade juvenil

Aos quinze anos minha mãe decidiu que estava na hora de trabalhar para me sustentar “ e dar valor ao dinheiro”. Uma conversa com um amigo da família, Lafayette Torres, e lá estava eu trabalhando na Rique S/A – Crédito , Financiamento e Investimentos, onde exerci as honrosas funções de office-boy, entregando correspondências, arquivando ofícios, servindo café e dando os primeiros passos para conhecer de perto o mundo das relações de trabalho, do esforço coletivo, da realização e, naturalmente, da remuneração pela função exercida.

Foi ali que entendi que ser jovem não era apenas namorar, ir para a praia e para as festas. Descobri a minha responsabilidade juvenil E passei a valorizar cada centavo que recebia ao final do mês, fruto do meu trabalho.

Hoje, em tempos de Estatuto da Criança e do Adolescente, essa minha rica experiência não seria possível. A Lei em vigor, pune exemplarmente o pai que ousar colocar o filho menor de 18 anos para trabalhar, mesmo que seja em seu negócio, ajudando-o no caixa ou fazendo pequenos serviços que exijam o cumprimento de horários e responsabilidades. De outra parte, os jovens também estão imunes à legislação penal, isentos de uma punição mais severa mesmo quando praticam ilícitos da maior gravidade, quando roubam e matam seus semelhantes, enlutando famílias e espalhando o terror, a dor e a saudade.

Sem poder trabalhar legalmente para ajudar a família e obter o sustento de suas necessidades, meninos e meninas, sobretudo da periferia, voltam-se para o tráfico de drogas e a prostituição. As instituições que recolhem adolescentes infratores estão lotadas de casos assim, com famílias destruídas pelo desencaminhamento dos seus filhos tragados pela marginalidade.

Ainda esta semana, um caso chocou a opinião pública da Paraíba . Um adolescente de 15 anos, matou a namorada de apenas 14, dentro do colégio onde ambos estudavam. Descarregou o revólver na menina, sem dó nem piedade, e saiu caminhando tranquilamente, consciente da impunidade do seu gesto por ainda não ter atingido a maioridade penal.

Fiquei a pensar no drama daquelas famílias. Da garota indefesa, que perdeu a vida, e até do assassino, frio e cruel, que fez a sua primeira vitima. Em tempos de globalização, de redes sociais, os adolescentes de hoje sabem bem mais do que nós adultos que tínhamos apenas livros e enciclopédias para esclarecer as nossas dúvidas.

Não dá mais para aceitar ou fingir que não vê.

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