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Voto

A maioria do povo brasileiro alimenta neste instante nacional – e por razões óbvias – uma certeza:

A representação política, com raríssimas exceções, é no mínimo insatisfatória!

O que poucos admitem, porém, é a parcela de responsabilidade que temos nesta insatisfação.

Quase ninguém faz a desconfortável, mas necessária, mea culpa.

E quando o faz, é de forma genérica:

Nossos equívocos eleitorais seriam resultado de uma cultura política capenga. Ou deveriam ser debitados na conta da má formação educacional.

O Nordeste, por sinal, é prodigiosamente apontado neste processo como o responsável mor pelas más escolhas das urnas.

A cada nova eleição, Sul-Sudeste reavivam o carimbo nordestino de povo bovino, massa pouco crítica a produzir aberrações políticas – rendendo, não raro, episódios explícitos de xenofobia e preconceito.

Rejeito veementemente o carimbo.

E repudio o isolamento desse pecado nacional nas classes menos favorecidas culturalmente.

Pois são as elites – culturais e econômicas; de direita e de esquerda – as verdadeiras responsáveis pelos nossos fracassos eleitorais.

O crème de la creme social do Brasil desandou faz tempo!

Não tenho dúvida: a casta que teoricamente deveria sinalizar a luz em meio às trevas da ignorância, com formação cultural e acesso a informações para tomar a melhor decisão, tem parcela de responsabilidade gigantesca neste processo de deterioração da política brasileira.

Pois sequer faz o dever de casa essencial para sacramentar seu voto, que é a submissão dos candidatos ao crivo da honestidade, correção, preparo e probidade.

Eu me incluo entre os integrantes dessa suposta elite pensante – que na realidade está mais para errante – e confesso, não sem uma dose cavalar de constrangimento, que muitas vezes (inúmeras) passei ao largo das causas republicanas na hora do voto.

Penitencio-me:

Muitas vezes votei ou fui orientador de votos sem minha autocrítica efetiva, deixando de lado qualquer caráter ideológico.

Nos últimos tempos, tenho procurado errar menos, mas reconheço que cometi equívocos e não foram poucos. A começar pela inclinação para votar naqueles que gosto, mesmo sabendo que este não é, definitivamente, o melhor critério.

Nos falta, com certeza, senso de coletividade.

Nos falta, também, a cultura do voto seletivo.

Nos falta determinação para abrir os currais, mantidos por lideranças e prefeitos cooptados.

Nos falta, ainda, o desprendimento para abrir mão dos interesses pessoais – o emprego; a bolsa; o colchão; a cesta básica; o compadrio.

A eleição de 2018 está aí e, obviamente, não teremos tempo para construir a perfeita conscientização política. Esta será, mais uma vez, uma disputa emocional.

Mas podemos – e devemos – fazer a nossa parte.

Estou, aqui e agora, absorvendo a minha – consciente da corresponsabilidade como formador de opinião pública.

E assim o farei:

Com meu voto. Com minha palavra.

E minha fé de que só há um destino possível em terra arrasada:

A reconstrução!

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