O Verão só começa no dia 22 de dezembro, mas as temperaturas já estão batendo recordes na Paraíba, e a previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) é que os termômetros continuem em alta. Até janeiro, a tendência é de que a temperatura esteja entre 0,2° e 0,4° acima da média no centro-oeste do Estado, principalmente no Cariri e Alto Sertão. Nas demais regiões, a máxima tende a ficar entre normal a um pouco acima da média. Até as mínimas estão elevadas, tornando as madrugadas mais quentes.
Na região do Agreste, por exemplo, onde a temperatura costuma ser amena durante quase todos os meses do ano, a população tem sofrido com o calor ‘anormal’. No último domingo, dia 24 de novembro, o município de Campina Grande registrou 35°, com sensação térmica de 40° .
A aposentada Maria da Guia de Oliveira mora em Campina Grande e afirmou que não lembra de um calor tão grande na cidade. “A gente não sabe o que está acontecendo para estar tão quente. Está insuportável esse calor, muito diferente do que era antes. É uma temperatura tão alta que é ruim até para sair na rua. Nesse mês de novembro, aumentou demais. Está parecendo o Sertão”, comparou.
Em João Pessoa, a situação não é diferente. “Todo mundo que eu conheço está reclamando do calor. Isso não pode ser normal. Está quente demais, o tempo todo, até à noite. Não tem ventilador que dê jeito. Durante o dia, a gente só anda procurando uma sombra e tomando água para hidratar. Dá saudade do inverno”, disse a contadora Maria das Graças da Silva.
No início da Primavera, normalmente, seca mais no interior, na região do semiárido como um todo, segundo explicações da meteorologista do Inmet, Morgana Almeida. “Eventualmente, quando tem a atuação da Alta Subtropical, que é um sistema de alta pressão que inibe a formação de nuvens, temos uma incidência maior de radiação e, consequentemente, o aumento da temperatura”, esclareceu.
Ela afirmou que esse sistema está presente todos os anos, mas que existem mudanças. “O sistema, climatologicamente, sempre atua, mas em determinados anos está mais ou menos intenso. Em 2019, está um pouco além dos anos anteriores”, enfatizou. A última vez em que Campina Grande registrou um novembro tão quente quanto agora foi em 2015.
“No dia 26 do novembro daquele ano, a temperatura chegou a 33,8°. Eventualmente, temos anos em que a atuação desse sistema que inibe a formação das nuvens e potencializa a incidência solar, é maior em alguns períodos. Em 2010, 2015 e 2019 foram os picos nas últimas décadas. A média máxima climatológica para o mês de novembro é 30,5° e ficamos com 34,6°. Até o dia 28, segundo dados registrados pelo Inmet, em apenas seis dias a temperatura máxima ficou inferior de 31°. “Foi um novembro muito quente”, constatou.
Em João Pessoa, a média para novembro é de 30,2°, mas todos os dias tivemos temperatura acima de 31°. O recorde foi no dia 22, chegando a 34,3°. A meteorologista não informou qual seria a sensação térmica nesse caso, mas destacou que, em termos numéricos é um valor maior do que o registrado no termômetro.
“A temperatura de 34,3° é a maior de toda a série histórica desde 1961, considerando o mês de novembro”, enfatizou. Para o mês de dezembro, a média história é de 30,5°.
“Podemos esperar temperaturas acima da média, principalmente nas regiões do Cariri e Sertão. Os maiores desvios, com quase, 0,6 graus acima da média, devem ocorrer no Alto Sertão, em municípios como Patos, Sousa e Cajazeiras. Este ano, Patos registrou 38,2° em novembro e, em 2009, 39,5°.
Quando a temperatura está muito elevada, a umidade relativa do ar, que é outra variável meteorológica, diminui, segundo a meteorologista Morgana Almeida. “A sensação de desconforto aumenta e o corpo tende a perder mais líquido”, alertou.
Além de tomar muito líquido, as recomendações para este período incluem não realizar atividade física depois das 10h e antes das 16h, evitar exposição direta nos horários mais quentes.
“Os raios ultravioletas, a temperatura alta, poucas nuvens, maior incidência de raios aumentam os riscos à saúde. O conselho é proteger bem crianças e idosos, que têm mais tendência a desidratação, e insistir com eles para beber bastante água”, concluiu.
*Lucilene Meireles, do jornal CORREIO