Imponentes, do alto de seus 452 metros distribuídos por 88 andares, as Torres Petronas – sexto edifício mais alto do mundo – espiam o orgulho que suscitam em Kuala Lumpur e restante da Malásia.
Os malaios se envaidecem de suas torres e não fazem a menor questão de encobrir isso.
E, cá pra nós, nem deveriam.
O conjunto arquitetônico, formado por duas torres conectadas por uma ponte, é tido como o prédio mais bonito do mundo. Nele, funciona nada mais nada menos do que a companhia petrolífera do País, a Petronas.
É a Petrobras de lá.
Diferente da versão brasileira, porém, a ‘Petrobras’ malaia ostenta prosperidade. E não estou apenas me referindo à magnificência arquitetônica.
O ambiente do petróleo na Malásia construiu uma imagem de conquistas e vitórias. E o patrocínio da equipe campeã da Formula 1 do ano passado – atual líder do campeonato de 2015 – é apenas um exemplo ilustrativo dessa prosperidade.
Diante do sucesso deles, é inevitável a comparação com o nosso fracasso.
E foi por isso que semana passada, postado diante da Petronas, no epicentro de Kuala Lumpur, senti vergonha.
E tive, com a força que o coração só sente quando os olhos veem, a dimensão dos estragos que a rapinagem institucionalizada provocou na nossa Petrobras.
O que fizeram com o espaço petrolífero brasileiro redunda hoje em uma imagem diametralmente oposta ao da correlata malaia.
Um fenômeno que ocorre dentro e fora do País, vide o exemplo de Pasadena, nos Estados Unidos, e da Petrobras Energia Peru (PEP) em Lima.
E não ouso culpar apenas o PT. O País já sabe que a “partilha” das propinas era suprapartidária.
E voraz.
Tão insaciável – os desvios estão sendo calculados em mais de 21 bilhões de reais – que extrapolou os limites da rapinagem para atingir a condição de vandalismo financeiro.
A equação é devastadora: adicione o gigantismo da ladroagem (considerada uma das maiores falcatruas da história da humanidade) à repercussão que o fato ganhou aqui e alhures para chegar a soma de nossa vergonha.
Não tem como dourar a pílula para tentar parecer mais palatável aos brios nacionais: a Petrobras, que até pouco tempo era um símbolo da prosperidade brasileira, cai (junto com nossas expectativas de crescimento) na vala ordinária da corrupção.
E jaz saqueada em lavanderias que operavam, a jato, o sumiço do patrimônio da maior estatal brasileira.