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Venezuela convoca embaixadora na Espanha, e crise entre os países se agrava

Ação ocorre após ministra de Sánchez se solidarizar com quem precisa deixar nação sul-americana devido à ditadura
A embaixadora da Venezuela em Madrí, Gladys Gutiérrez, quando era presidente da Suprema Corte (Foto: Leonardo Fernández Viloria – 31.01.23Reuters)

A tensão entre Venezuela e Espanha subiu mais um degrau nesta quinta-feira (12), quando o regime chamou sua embaixadora em Madri, Gladys Gutiérrez, para consultas e convocou o representante do país europeu em Caracas, Ramón Santos, a comparecer ao Ministério das Relações Exteriores nesta sexta (13).

Em uma mensagem no aplicativo de mensagens Telegram, o chanceler venezuelano, Yvan Gil, justificou a ação com os comentários “insolentes, intervencionistas e rudes”, em suas palavras, da ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles.

Mais cedo, Robles havia se solidarizado com “homens e mulheres da Venezuela que precisaram deixar seu país” devido “à ditadura em que vivem”. Segundo a ONU, mais de 7 milhões de venezuelanos deixaram o país fugindo da crise política e econômica, e, de acordo com cálculos de Madri, quase 280 mil deles vivem na Espanha, incluindo vários líderes da oposição.

Desde o fim de semana passado, Edmundo González compõe esse contingente. No último domingo (8), o opositor da ditadura e adversário de Nicolás Maduro nas eleições do fim de julho embarcou em um voo da Força Aérea Espanhola rumo ao país europeu para fugir de um mandado de prisão do regime.

Na Venezuela, González foi acusado de conspiração após a oposição publicar em um site as atas eleitorais recolhidas no dia pleito -os documentos, que indicam a vitória do ex-diplomata, foram validadas por diversas organizações internacionais. Embora reivindique a vitória de Maduro, o regime não apresentou as atas que tem em mãos, contrariando a legislação venezuelana.

Apesar da evidente escalada na crise, o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, minimizou a ação da Venezuela nesta sexta.

“Convocar um embaixador, eu já fiz isso em diversas ocasiões, e chamar para consulta é uma decisão soberana de cada Estado e, portanto, não há o que comentar”, disse ele à rádio RNE, acrescentando que estava trabalhava para “ter as melhores relações possíveis com o povo irmão da Venezuela”.

O chanceler se recusou a opinar se o país vive em uma ditadura. “O ministro das Relações Exteriores não é um catedrático de direito constitucional nem um cientista político. E, claro, os ministros das Relações Exteriores são as últimas pessoas que devem usar qualificativos”, disse.

A chegada de González já havia estremecido a relação entre os dois países. Na quarta-feira, o líder da Assembleia Nacional da Venezuela, Jorge Rodríguez, propôs o rompimento das relações diplomáticas, consulares e comerciais com a Espanha e acusou o país europeu de se tornar um refúgio para homicidas e golpistas, em suas palavras.

“Que se retirem daqui todos os representantes da delegação do governo do Reino da Espanha e todos os consulados e todos os cônsules, e que tiremos os nossos de lá”, afirmou.

Naquele dia, a Câmara dos Deputados da Espanha havia aprovado uma moção na qual reconhece González como legítimo presidente venezuelano a despeito da votação contrária do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) do primeiro ministro espanhol, Pedro Sánchez.

Até agora, porém, o premiê seguiu a posição da União Europeia -exigir a publicação das atas de votação e não reconhecer a vitória de Maduro ou de seu rival.

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