Zabé nunca havia descido da loca. Dizem que viveu lá por cerca de 25 anos, criou dois filhos, trabalhou e tocou pífano. Nas pedras da Serra do Tungão, próximo de Monteiro, cariri paraibano, havia reservas do líquido precioso do cariri paraibano, a água natural, garantindo a subsistência. E também abrigo.
Duas paredes de taipa fecharam um vão entre as pedras, que serviu de moradia para a família. Daí a referência ao nome: “Zabé da Loca”, da gruta onde morou. Quando Zabé desceu, foi para ser reconhecida em todo o Brasil na música regionalista. Dividiu os palcos com Carlos Malta, Hermeto Pascoal, Gabriel Pensador, o grupo Cabruêra e muitos outros músicos em shows no Rio de Janeiro, Recife e Brasília. Nesta segunda-feira (14) ela completa 90 anos de idade e vai comemorar com os amigos em uma grande festa, perto da loca, no próximo sábado.
Isabel Marques da Silva veio de Buíque, Pernambuco, onde nasceu, com o pai e os irmãos para trabalhar na colheita do algodão. Ela tinha 16 anos. Tempos depois, a família retornou a Pernambuco, mas, no início da década de 1940, Zabé voltou à estrada e se fixou na região de Monteiro. De novo na roça, além das dificuldades do serviço pesado, enfrentava o assédio de outros homens. Solteira, Zabé teve uma filha a quem deu para a adoção, por falta de condições de criá-la.
Em seguida, conheceu Delmiro, “era um negão forte”, descreveu-o, soltando uma risada. Tornou-se seu marido e com ele teve dois filhos homens, João e José. Delmiro também era músico e as rodas de cantoria eram frequentes em casa.
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