Há 66 anos, depois de uma missa celebrada na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, circulava a primeira edição do CORREIO DA PARAÍBA. O jornal surgiu da mente idealista do empresário Teotônio Neto, paraibano de Santana dos Garrotes, que sonhava em unir a Paraíba através das notícias. E é com a missão sonhada por Teotônio em 5 de agosto de 1953, que o CORREIO continua chegando hoje às mãos dos paraibanos.
Para o fundador, ver o jornal chegar a mais um aniversário com páginas vivas é emocionante. “É muita emoção. Roberto Cavalcanti é muito dedicado ao jornal. O CORREIO passou para as suas mãos porque emigrei da Paraíba para o Rio, e o jornal precisa de seu dono ali, presente, como um instrumento de valia econômica e social. E sobretudo, o grande feito para a Paraíba, foi a presença do Correio. Sem o Correio não teríamos tido muitas conquistas realizadoras em nosso Estado”, disse Teotônio Neto.
“O jornal surgiu da ideia de uma imprensa para a Paraíba. Ele tinha o sonho de unir o Estado através do jornal. Ele queria que as notícias chegassem ao interior e que chegassem juntas no Estado todo. Que para o interior não fosse algo que chegasse depois. Ele queria isso: a unificação da notícia. O meu pai é um idealista, sempre teve visões grandes para a Paraíba. Tudo que ele queria era uma imprensa aberta, nunca partidária”, lembra Anna Giovanna Teotônio.
O CORREIO foi o primeiro veículo do Sistema Correio de Comunicação. Logo depois veio a fundação da rádio Correio e da TV. Para quem acompanha e registra os fatos políticos, sociais e culturais do Estado, o jornal resiste em meio a novas eras de comunicação porque mantém a credibilidade.
“Falar sobre o CORREIO, para mim, é falar da minha história pessoal e profissional, porque foi neste jornal que ‘nasci’ para o jornalismo em 1995. Assim como falar do CORREIO é contar a história da Paraíba e do país. Estão entrelaçados. Ao longo de décadas, o impresso tem se destacado pela credibilidade, ética e paixão. Pela capacidade de se reerguer diante do boom da internet, da crise econômica e das mudanças no próprio mercado de comunicação”, afirma a diretora de Jornalismo do Sistema Correio e editora-geral do Jornal, Sony Lacerda.
Apesar de todas as projeções, de que os impressos não sobreviverão, a jornalista acredita em novos formatos, na junção do impresso com o on-line. “Novas plataformas, novos formatos, mas preservando sempre a capacidade de apurar o conteúdo com qualidade, com todos os lados”, acredita.
Estudo do IBGE divulgado no final de 2018 mostra que apenas cinco anos após criadas, mais de 60% das empresas fecham as suas portas. Em 2016, no auge da crise econômica, 648,5 mil empresas foram abertas no Brasil, mas 719,6 foram encerradas.
No setor de informação e comunicação o recuo foi de 19,6%. Na contramão dessa tendência, resultado tanto da crise brasileira como da revolução tecnológica que impõe transformações e adaptações rápidas, o Sistema Correio de Comunicação completa 66 anos de vida mostrando solidez e um portfólio de 26 empresas igualmente consolidadas (TVs, jornais, rádios, revista e portal).
Desses 66 anos, são 40 anos sob o comando da família Cavalcanti Ribeiro, cuja segunda geração – Beatriz Ribeiro, filha de Roberto Cavalcanti, que adquiriu a semente do Sistema Correio, um jornal e uma rádio, em 1979 – assumiu o desafio de assimilar novas tecnologias, enfrentar a competição que na área de comunicação tem características globais e garantir rentabilidade, essencial para qualquer negócio.
Com tantas empresas fechando, qual o segredo de Beatriz Ribeiro para manter os dois únicos jornais impressos, privados, em circulação, liderar nas outras médias e estabelecer a marca Correio por toda a Paraíba?
Buscar permanentemente a confiança dos paraibanos, zelando pela verdade. Quem consome notícias duvidosas, maquiadas, deturpadas? Quem aceita, conscientemente, ser manipulado? O maior patrimônio do Sistema Correio é sua credibilidade. Nós cuidamos para que a informação que disponibilizamos seja verdadeira, e pela pluralidade nas opiniões. Se erramos, temos que admitir e corrigir. Em resumo: o paraibano sabe que é respeitado e retribui com essa confiança.
As novas tecnologias estão levando as pessoas a esperarem informações quase em tempo real. A velocidade é compatível com credibilidade no jornalismo? Pode comprometer a apuração dos fatos e essa confiança que o Correio cultiva?
A velocidade exige preparo maior das equipes, mas o risco está na responsabilidade de quem apura a notícia e da empresa em zelar pela confiança dos seus telespectadores, ouvintes e leitores. O destinatário da informação tem todo o direito de querer os melhores detalhes e as análises mais profundas no menor espaço de tempo, porque não raro também é importante para seu negócio ou sua vida. Cabe a nós correspondermos.
Uma comparação: assim como compramos um remédio em razão da confiança de que vai nos curar, a informação também depende de igual segurança. Todos querem a informação verdadeira, completa, com a marca da credibilidade, até porque a Internet está cheia de fake news, tentando manipular a opinião pública. E nem mesmo as nações mais poderosas do mundo estão livres dessa intervenção.
Até que ponto as redes sociais atrapalharam as empresas de comunicação?
Em um primeiro momento muitos acharam que poderiam se informar apenas via redes sociais. Até empresas apostaram nesses espaços para divulgar seus produtos, o que reduziu a verba publicitária para outros veículos, o que foi compensado por crescimento nas assinaturas. O tempo tem mostrado que empresas de comunicação com credibilidade fazem a diferença tanto no que diz respeito as informações e análises de fatos, como na publicidade.
O Instituto Ipsos, um dos maiores do mundo e presente em 89 países, avaliou a credibilidade dos veículos de comunicação. Resultado: seis em cada 10 brasileiros (65%), confiam nos impressos (jornais e revistas), na televisão e no rádio. 70% apontaram que jornais e revistas são relevantes. Sobre fake news, a percepção de 68% foi de que prevalecem na internet.
Um dos políticos brasileiros que mais usam redes sociais é o presidente Jair Bolsonaro, mas tem perdido popularidade. Até aqui ele tem resistido a recorrer à imprensa tradicional para firmar uma marca. Poderia se beneficiar, se o fizesse?
Não tenho as informações necessárias do caso específico para dar uma opinião, mas com certeza, a credibilidade da boa imprensa pode avalizar uma marca, afinal, tem a confiança de 65% dos brasileiros. Quem já não ouviu a expressão “saiu no jornal” como confirmadora de uma informação? É importante dizer que esse conceito acompanha apenas as empresas que respeitam seus leitores, e não aquelas que buscam apenas o lucro e fazem qualquer negócio para garanti-lo.
O Sistema Correio já recusou negócios para preservar essa confiança dos seus leitores, telespectadores, ouvintes e internautas?
Não só agora, que está sob minha direção, mas desde sempre. Jornalistas que trabalharam com o fundador do Correio, Teotônio Neto sempre destacam que ele deu liberdade para que praticassem o jornalismo independente. Quando meu pai assumiu, há 40 anos, fez questão de colocar a credibilidade em primeiro lugar.
A Paraíba tem testemunhado nossa trajetória e sabe que não nos rendemos. Alguns governos tentaram, mas resistimos. Aceitar as propostas que nos fizeram era o caminho fácil para a tranquilidade financeira, mas não para a confiança do paraibano. Teríamos que nos alinhar, quando já estávamos irremediavelmente comprometidos com os consumidores de nossas informações.
Não fazemos tudo por dinheiro. Na vida, tem hora que ganhamos, e em outra perdemos. O que não mudaremos é o senso de responsabilidade com o leitor e com a informação. Acho que cada vez mais isso está sendo exigido pela população, escandalizada com os casos de corrupção que proliferam.
Tem um exemplo dessas abordagens?
Já fomos abordados para divulgar pesquisas cuja lisura não poderíamos atestar, uma vez que não contratamos ou acompanhamos. Perdemos, a cada ano, o equivalente a um mês de faturamento, o que não é pouco, com a recusa de propostas como essa. Mas essa é a nossa opção. Vamos continuar primando pelo equilíbrio e pela transparência.
Em momento de crise nacional, não é difícil tomar uma decisão como essa?
Para quem já sofreu perseguições que tinham o objetivo de fechar a empresa, crise econômica é fichinha. Nada se compara ao nosso compromisso com os nossos consumidores de informação.
O mercado de informação e comunicação é um do mais impactados pelas novas tecnologias que revolucionam não só os negócios, mas nossa forma de viver, de nos relacionarmos, de nos divertimos… O Sistema Correio está pronto para esse desafio?
É verdade que nosso mercado está em transformação permanente. Aqui no Brasil tivemos um agravante: a crise econômica chegou junto com a do segmento. Tivemos que administrar duas crises ao mesmo tempo, nos últimos 5 anos. O que temos procurado fazer é sobreviver, sendo flexíveis à inovação. Apesar das mudanças, estamos de olho no que a população deseja: como quer receber informação, por que meio, em que velocidade, os serviços que podem ser associados… É ela que importa.
Acho que esse é o caminho. Aliás, o único caminho. Visualizo que o empresário de comunicação deve buscar novos formatos, está antenado com tecnologia, mas jamais perder de vista a qualidade e a credibilidade.
Qual o valor da marca Sistema Correio?
O valor de uma marca é estabelecido não apenas pelo patrimônio material, mas também pelo imaterial – sua filosofia, seus conhecimentos e práticas, mas principalmente sua aprovação pelo seu público, que lhe dá força para que seja útil para seus anunciantes, por exemplo.
O fato do Correio estar crescendo em meio a duas crises – a econômica, do Brasil, e a tecnológica, de transformação do segmento – diz muito sobre o apreço dos paraibanos por nossa marca.
Continuamos crescendo. Neste mês de aniversários estamos inaugurando mais uma rádio em Campina Grande, e novos studios para a TV Maior. Temos no horizonte luz e esperança. Somos extremamente gratos aos paraibanos de todas as regiões, que hoje são atendidos pelo Sistema Correio, seja pelas rádios, pelos portais na Internet, pelas TVs, pela revista Premium. Somos igualmente gratos aos nossos parceiros e aos colaboradores.
Uma cifra pode não dizer tudo, mas o crescimento testemunha a confiança dos paraibanos, que trabalhamos diariamente para honrar, para corresponder, para ampliar.
O que é o Sistema Correio, atualmente?
São 26 empresas, todas disponíveis também na internet: duas TVs (Correio e TV Maior), dois jornais impressos (Correio e Já), 15 rádios em funcionamento e mais cinco para serem inauguradas, uma revista (Premium), e o Portal Correio.
Com tantas empresas para cuidar, ainda encontra tempo para a Fundação Solidariedade?
Ela é nosso xodó. É nossa forma de dizer “Muito obrigada, Paraíba!”. É uma contrapartida a tudo de bom que recebemos todos os dias. Fazer o bem está em nossos corações.
A Fundação Solidariedade, braço social do Sistema Correio, tem compromisso com os “17 objetivos para transformar nosso mundo”, da ONU, conscientizando desde a necessidade de preservação do meio ambiente, até igualdade de gêneros, consumo responsável e saúde e bem-estar para todos.
Começamos com a campanha Natal Pela Vida, há 19 anos, garantindo alimentos para pelo menos 100 mil pessoas, que puderam celebrar a data tão especial sem fome. Há 16 anos criamos a Fundação, para ampliar esse trabalho.
Nesse período, temos conquistado parceiros para a prestação de serviços de cidadania (Caravana da Cidadania), doação de água potável (Caravana da Solidariedade, para levar crianças para teatros e cinemas (Jornada Cultural), para publicação de livros com textos de crianças (Concurso de Redação), para promover festinhas de aniversário de crianças carentes (Fazendo a Festa).
Em 2012, assumimos a Secretaria Executiva e todos os trabalhos relativos ao movimento “Nós Podemos Paraíba”, e com todas as entidades que participam do movimento passou a defender os ODM – Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, uma iniciativa da ONU. Em 2015, com a substituição dos ODM pelos ODS, a Fundação passamos a coordenar o Comitê em Prol dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na Paraíba.
A Fundação Solidariedade se uniu à Love Together Brasil em 2017, possibilitando a doação de alimentos e material estudantil para crianças carentes e construindo poços artesianos em diversas cidades do sertão paraibano.
Estamos com vários projetos em andamento em defesa do meio ambiente. Esse trabalho não cansa, pelo contrário, faz nossa alma transbordar de alegria.
Você é uma mulher muito poderosa. Como lida com isso?
Não me considero poderosa. Considero-me uma guerreira. As vezes fico pensando como dar conta da educação dos filhos, do casamento, da família… Eu mesma não me permito ser fraca. Minha força está no meu Deus, no meu Jesus. Sempre fui apaixonada pelos seus ensinamentos, suas lutas, seus exemplos. Quando você tem essa fé, essa luz, aprende que tem que ser feliz.
Eclesiastes 30,22-23 nos ensina a cultivar a alegria: “Não entregues tua alma à tristeza, não atormentes a ti mesmo em teus pensamentos. A alegria do coração é a vida do homem, e um inesgotável tesouro de santidade. A alegria do homem torna mais longa a sua vida”.
Aprendo diariamente com acertos e erros. Você só pode aprender, vivendo. A vida é prática, é se reconstruir, é se superar. Eu gosto de desafios. E sempre tem uma luz que diz: “Não desista”. Eu não desisto. Sei que “tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus”.