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Alta dos alimentos básicos: nutricionista aponta alternativas de produtos

Especialista do Unipê avalia o feijão bandinha e arroz fragmentado vendidos como alternativas aos preços altos no Brasil

Em dois anos de pandemia, o Brasil volta a viver um cenário de insegurança alimentar cada vez mais preocupante diante da crise econômica. Segundo levantamento da Rede Brasileira em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), já são 19,1 milhões de brasileiros passando fome com mais de 24 horas sem ter o que comer.

Essa realidade é reflexo do desemprego, da redução da renda e da alta nos preços dos alimentos, fatores que colocam a população em um momento instável que prejudica, inclusive, o consumo de itens básicos da alimentação.

Nesse contexto, o feijão bandinha e o arroz fragmentado, por exemplo, aparecem como opções viáveis para a mesa do consumidor. Eles surgem após o processo de seleção e classificação de cada um. Então, os grãos imperfeitos ou quebrados são classificados como subprodutos, mas são considerados benéficos à saúde.

“Como esses subprodutos não apresentam uma aparência muito boa, a aceitação pelo consumidor é ruim, tendo pouca comercialização. Assim, são destinados, em sua maioria, para a alimentação de animais. No entanto, apresentam qualidade nutricional muito semelhante aos grãos inteiros. Então, já ocorrem há algum tempo estudos que contemplem o uso desses itens como ingredientes a serem explorados pela indústria”, diz Profa. Dra. Keyth Sulamitta, nutricionista e coordenadora do curso de Nutrição do Unipê.

A professora destaca alguns possíveis riscos dos alimentos fragmentados para saúde. “O feijão cru apresenta alguns fatores antinutricionais, sendo necessário o seu cozimento antes do consumo, seja do grão inteiro ou de parte dele. Esse processo térmico inativa possíveis substâncias que sejam tóxicas e que trazem malefícios ao consumidor. Logo a utilização do subproduto do feijão precisa passar pelo mesmo processo de cozimento, para garantir as suas propriedades nutricionais”, orienta.

Para auxiliar a população nesse momento incerto de alto índice nos preços dos alimentos nos supermercados, Keyth dá dicas de produtos mais baratos e recomendados para alimentação básica e com altos valores nutricionais.

“Além do feijão e do arroz que oferecem um bom aporte calórico e nutricional, temos o milho que pode ser consumido em forma de farinha de fubá ou flocos, e que é rico em vitamina A e B1. As raízes e tubérculos muito consumidos na nossa região, como o cará, inhame, batata doce e macaxeira, além de cenouras, beterraba e jerimum, que são ricos em fibras, vitaminas e minerais e possuem ótimo rendimento, também são alternativas para superar esse momento de crise. Já as frutas devem ser escolhidas pelas safras, pois além de serem vendidas com menor preço, são ricas em sabor e nutrientes”, indica.

Keytha ainda ressalta: o Brasil é um dos países com maior riqueza de produtos alimentícios, mas também está em destaque no índice de desperdício deles. “Infelizmente a utilização de subprodutos no país está sendo relacionada à fome e à crise econômica e não à conscientização do aproveitamento integral dos alimentos. Então para que haja o uso correto dos subprodutos, são necessárias a educação e a informação para a população, enxergando que as partes menos nobres das frutas, legumes e vegetais são potenciais fontes nutritivas e não lixos”, finaliza.

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